Sai o ranking nacional de qualidade de vida

A Região Metropolitana de Curitiba ficou em 4.º lugar na classificação do Índice Agregado para as Regiões Metropolitanas, que pertence ao estudo ?Condições de Vida nas Regiões Metropolitanas e suas implicações econômicas?, elaborado pelo coordenador de projetos do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) e da Fundação Getulio Vargas (FGV) Projetos, Fernando Blumenschein. Encabeçando a lista está Brasília, seguida de Goiânia e Porto Alegre. Blumenschein explica que a pesquisa foi feita com dados coletados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2002 e 2003, e buscou, através de questionário com 12 itens, refletir a percepção direta dos indivíduos sobre suas condições de vida, nas cinco classes sociais. ?Como a própria pessoa atribui se tem o problema ou não, a pesquisa torna-se única?, afirma.

A pesquisa foi feita com base num levantamento das condições de vida da população de 11 regiões metropolitanas: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Brasília (Plano Piloto) e o município de Goiânia. Os 12 itens avaliados foram: renda total familiar; quantidade de alimentos consumidos; tipos de alimentos consumidos; serviço de água; coleta de lixo; iluminação de rua; drenagem e escoamento de água da chuva; fornecimento de energia elétrica; problemas com rua ou vizinhos barulhentos; problemas por poluição ou ambientais; problemas com violência e condições de moradia da família.

Não foi feito trabalho de campo, mas criada uma metodologia para buscar, nas entrevistas em 48.470 domicílios realizadas pelo IBGE, as condições de vida nas regiões metropolitanas, com suas implicações econômicas. Para Blumenschein, as condições de vida da população estão, no longo prazo, diretamente ligadas à produtividade. ?Tem efeito sobre a mão-de-obra, impactos sobre a atração de capital para as regiões metropolitanas e conseqüentemente sobre a capacidade de crescimento e de geração de emprego e renda?, afirma. Foram criados dois índices distintos: o Índice Agregado para as Regiões Metropolitanas, e o e o Índice Específico para o Quesito Violência.

Se no geral Curitiba fica em quarto lugar, no Índice Agregado para Regiões Metropolitanas, quando se examina por faixas sociais, observa-se que a população tem uma percepção distinta sobre qualidade de vida. A classe A de Curitiba e Região Metropolitana, que possui renda familiar mensal acima de R$ 7.481,00, tem uma percepção das condições de vida mais alta que a da classe C, ficando com o segundo maior índice, no geral, somente atrás de Brasília. Para a classe C local, com renda familiar entre R$ 1.041,00 e R$ 1.835,00, o índice cai, ficando Curitiba em sétimo lugar no quadro geral da pesquisa. Para Blumenschein, um segundo passo do estudo seria examinar porque existem essas percepções diferenciadas, mas isso ainda não foi feito.

Planejamento

Segundo o pesquisador Ricardo Wyllie, os resultados podem ser um indicativo da importância do planejamento urbano. ?As regiões metropolitanas que conseguiram melhores colocações surgiram a partir de cidades planejadas, como Curitiba, Brasília e Goiânia. Esta é uma hipótese a ser investigada?, disse. A liderança foi também influenciada pelo estudo não considerar as cidades satélites.

As regiões metropolitanas do nordeste foram as que tiveram as piores colocações. Em último lugar ficou a região metropolitana de Belém, seguida das regiões de Recife e Fortaleza.

Mais baixa a renda, maior a violência

O coordenador do estudo ?Condições de Vida nas Regiões Metropolitanas e suas implicações econômicas?, Fernando Blumenschein, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), afirma que na região de Curitiba a percepção da população com relação ao Índice Específico para o Quesito Violência, varia conforme a renda. ?Quanto mais baixa a renda, maior a percepção de violência?, considera.

Segundo ele, isso não acontece da mesma maneira em outros lugares. Em Belém e em Goiânia, diz Blumenschein, a percepção é heterogênea e não depende de classes sociais. ?Em São Paulo, a classe média é que tem uma maior percepção da violência.?

O coordenador da pesquisa ressalta a situação de Belo Horizonte, que possui um índice de violência muito pior que o seu índice agregado de condições de vida. Além disso, a pesquisa indica que com exceção de Salvador, as regiões nordestinas estão entre as piores. Depois de Brasília e Salvador, as melhores regiões são, nessa ordem, São Paulo, Rio de Janeiro, o que pode indicar que a violência está longe de aterrorizar a população local. Porto Alegre, Goiânia e Curitiba ocupam posições intermediárias.

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