RMC lidera ranking de trabalho infantil

A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) é a área que mais concentra crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no Paraná. A informação foi divulgada ontem no I Seminário Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil, realizado na capital, e faz parte de uma pesquisa que traça o mapa do trabalho infantil no Estado, desenvolvida pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

?A região metropolitana concentra um maior número de crianças trabalhando devido ao tamanho de sua população. Nas áreas urbanas, as crianças desenvolvem principalmente trabalhos domésticos para a própria família. Já os adolescentes atuam mais na área de serviços (32%) e comércio (25,54%). Nas áreas rurais, as atividades se dão no setor agrossilvopastoril (83%)?, comenta a coordenadora da área de proteção do Instituto de Ação Social do Paraná (Iasp), Sandra Mancino. Na área agrossilvopastoril, têm destaque os cultivos de milho, café e fumo, além da criação de bovinos.

Segundo Sandra, a redução do trabalho infantil é uma tendência nacional, pois estão sendo desenvolvidas diversas políticas públicas voltadas à garantia dos direitos da infância e da adolescência. O Paraná não fica de fora dessa realidade, embora ainda seja o sexto estado em número de crianças trabalhadoras.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2001, havia nos municípios paranaenses 333.758 pessoas entre 10 e 17 anos em situação de trabalho precoce. Em 2005, o número caiu para 309.455. ?A maioria das crianças entre 10 e 13 anos desenvolve trabalho não remunerado. Já na faixa dos 14 aos 17 anos, os adolescentes trabalhadores chegam a ser responsáveis por até 50% da renda total de suas famílias. Dessa forma, todos os programas voltados à erradicação do trabalho infantil devem englobar a família. Se os adultos ingressaram no trabalho cedo e desta forma conseguiram sobreviver, acabam tendo tendência a reproduzir a cultura do trabalho precoce?, explica Sandra.

As crianças geralmente trabalham de 20 a 30 horas semanais. Os adolescentes chegam a exercer atividade por mais de 40 horas. O trabalho na infância também está ligado ao problema da evasão escolar. Entretanto, entre os adolescentes, a evasão é a mesma entre ocupados e desocupados. ?Isso indica que o sistema educacional atual não atrai os adolescentes.?

Para resolver os problemas, a coordenadora do Iasp aponta como soluções o fortalecimento das famílias e a ampliação das políticas públicas. 

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