Quem paga os iluminados do Centro Cívico?

Um passeio noturno pelo Centro Cívico de Curitiba revela: muitos prédios públicos ficam com as luzes acesas após as 20h. Alguns deles, totalmente iluminados, mesmo sem ninguém trabalhando nas salas. Tanto a sede da Prefeitura quanto o Palácio Iguaçu, além dos tribunais de Justiça e de Contas estão incluídos. O fato levanta a polêmica de como o setor público utiliza a energia elétrica e de que forma aplica as medidas de economia que os consumidores são instruídos a tomar em casa e nas empresas. As justificativas vão desde a idade dos circuitos elétricos até o uso pelos funcionários da limpeza, que trabalham depois do expediente dos demais.

É assim na Prefeitura. Depois das 20h, entra em cena o pessoal da limpeza, além de alguns funcionários que esticam os trabalhos até mais tarde. Depois, a segurança faz uma ronda antes de fechar o prédio. Segundo a Secretaria de Administração, toda a luz consumida no setor público municipal – o que inclui onze secretarias, inclusive creches e escolas, e ainda o prédio da Prefeitura – soma 1,98 milhão de quilowatts/hora por mês. Mas a Prefeitura afirma que precisa baixar essa média. ?Estamos fazendo estudo em todos os prédios municipais e o levantamento do consumo. Depois disso, teremos um retrato de como estão esses prédios, se as lâmpadas são eficientes e econômicas, verificar tomadas e instalar temporizadores?, explica o diretor de Iluminação Pública da Secretaria de Obras, Ivan Alves Martins. A idéia é reduzir o consumo em 20% a 30%.

Tribunal de Contas gasta entre R$ 35 mil e R$ 40 mil mensais.

Pelo que foi percebido até agora – os levantamentos começaram no início do ano e 30% das unidades já foram vistoriadas -, são os prédios antigos que concentram mais problemas. ?Geralmente têm luzes incandescentes e luminárias ineficientes?, alega Martins. Já os mais novos, afirma, estão adequados. ?Vamos procurar deixar tudo o mais automatizado possível, através de sensores que controlem o uso.? Da mesma forma deve ser feito com a iluminação pública, em ruas e parques da cidade. A conta paga pelo município especificamente para este serviço é de R$ 1,6 milhão por mês, o correspondente a 80% de todo o consumo de energia do município.

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Prefeitura faz estudos para reduzir o consumo entre 20 e 30%.

No Palácio Iguaçu, mais luzes acesas. Segundo o secretário de Obras Públicas, Luiz Dernizo Caron, também por causa da limpeza. ?Normalmente entram às 20h e saem até as 23h.? A segurança também permanece no prédio, mantendo algumas luzes acesas. Segundo Caron, o maior problema é que, por se tratar de estrutura antiga, o Palácio tem circuitos que contemplam grandes áreas, ao contrário do que acontece em prédios modernos, que possuem sistemas que limitam o acendimento de um recinto sem ter de implicar em luzes acesas em vários outros. ?Estamos aos poucos diminuindo o número de ambientes por circuito, a cada vez que é feita uma intervenção.? Toda a infra-estrutura do governo (incluindo os prédios do Executivo, secretarias, órgãos das secretarias e polícias) consome R$ 2,4 milhões por ano em energia elétrica, segundo a Secretaria de Estado da Administração.

No Palácio Iguaçu, os circuitos antigos são o maior problema.

Já o Tribunal de Justiça não revela suas contas de energia. Segundo Nelson Joaquim dos Santos, do setor de Administração e Serviços Gerais do TJ, 22h é o limite para apagar as luzes; ainda que os funcionários tenham deixado algumas acesas, o sistema dá conta de apagá-las automaticamente. O Tribunal de Contas, campeão de luzes acesas, cai na mesma justificativa do Palácio Iguaçu. Segundo a assessoria de imprensa, quem trabalha até mais tarde acaba mantendo um andar inteiro aceso, já que os circuitos não se limitam a uma sala. No entanto, afirma que o flagrante das fotos é esporádico. As contas de energia do tribunal variam entre R$ 35 mil a 40 mil ao mês.

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