Promover estudos e capacitação na dependência química e prestar assistência através de tratamento e recuperação dos dependentes. Esses são alguns dos objetivos da Associação Paranaense de Psicólogos da Dependência Química, que foi lançada ontem, em Curitiba.
A presidente da associação, Cleuza Canan, destaca que um dos principais papéis da entidade será organizar os serviços da psicologia através de estudos sobre a dependência. Além disso, divulgar os trabalhos existentes na área e o que vem sendo feito com sucesso para reverter o quadro da dependência. Cleuza diz ainda que a associação dará apoio à comunidade no tratamento psicológico com especialistas no assunto. Esse atendimento, no entanto, será disponibilizado nos próximos meses, quando a entidade estiver estruturada.
“Queremos que isso aconteça o mais rápido possível, porque sabemos que existe uma grande demanda por tratamento de dependências”, disse. Ela ressaltou que com a mudança na tipificação da lei – que passou em alguns casos, de traficante para usuário -, houve um crescimento na procura por atendimento: “Aliado a isso, o consumo de drogas está crescendo e começando cada vez mais cedo”.
Para o presidente do Conselho Regional de Psicologia, Dionísio Banaszewski, a criação da associação é importante porque haverá uma maior produção científica no assunto, o que possibilitará mais informações que ajudarão na prevenção e combate ao uso de drogas: “A partir do momento que se tem mais conhecimento é possível estabelecer o tipo de prestação de serviço que poderá ser disponibilizado”.
Semana de prevenção
O lançamento da Associação Paranaense de Psicólogos da Dependência Química faz parte de uma das atividades da IX Semana Estadual de Prevenção ao Uso Indevido de Drogas (Previda). Até dia 26 de junho, uma série de atividades serão desenvolvidas na capital para trabalhar a questão da prevenção das drogas. Entre as atividades estão palestras, blitze educativas e discussões com jovens e adolescentes.
Sul consome mais cocaína
Uma pesquisa realizada em todo o Brasil pelo Centro Brasileiro de Informações Sobre Álcool e Drogas, órgão ligado à Universidade de São Paulo, feita em 2001, apontou que 19,4% dos brasileiros já fez uso de drogas em algum momento da vida. A região Sul aparece como maior consumidor de cocaína do País, com uma incidência 3,6% da população, enquanto a média nacional é de 2,3%.
De acordo com a médica integrante da Coordenação Estadual Antidrogas no Paraná, Marli Madalena Perozin, a pesquisa é o estudo mais recente que existe no Brasil sobre o consumo de drogas, e mostra dados preocupantes. O levantamento foi feito em todos os municípios com mais de 200 mil habitantes – no Paraná foram Curitiba, Ponta Grossa, São José dos Pinhais, Londrina, Cascavel, Maringá e Foz do Iguaçu.
Do total geral pesquisado, 6,9% admitiram que usaram maconha, 5,8% solventes e 4,3% orexigenos (medicamentos para abrir apetite). Segundo Marli, é compreendido por droga todo o produto consumido sem receita médica.
Dependência
Já em relação à dependência, 11,2% assumiram ser dependentes de álcool, 9% de tabaco e 1,1% de benzodiazepínicos (remédios para dormir). A médica destacou que em relação ao álcool, o Brasil ficou entre os 25 países do mundo que mais tiveram crescimento no consumo, entre o período de 1969 a 2000. O dado positivo foi decréscimo no uso de tabaco, que no mesmo período, caiu 43%.