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Protesto do MST na BR-116 causa grande congestionamento

O protesto do Movimento Sem Terra (MST) e da Via Campesina Brasil (composta por Movimento das Mulheres Camponesas, dos Pequenos Agricultores e dos Atingidos por Barragens) parou a BR-116, no Contorno Leste, na manhã desta terça-feira (12). O trânsito tumultuado causou a morte de um motociclista que caiu ao trafegar pelo corredor entre os veículos. O ato começou por volta das 7h e provocou congestionamento de cerca de 20 quilômetros. O fluxo só voltou ao normal no começo da tarde.

O motivo do protesto era pedido de reforma agrária, reforma política, mais recursos para as unidades agroindustriais. Organizados com faixas e caminhão de som, os manifestantes queimaram pneus na rodovia, sob cuidado atento da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Segundo o representante da Via Campesina, o protesto foi feito em várias cidades do Brasil.

“Outras sete rodovias do Paraná também foram fechadas e tivemos inúmeras em todo o país. Essa foi a única forma encontrada para chamar a atenção da nossa presidenta, para ver se de alguma forma alguém toma uma atitude”, disse José Maria Tardin.

De acordo com a nota divulgada pelo MST/Paraná, além de Curitiba, os outros locais de protestos foram Marmeleiro (BR-181), Cascavel (BR-277), Pitanga, Candói e Mauá da Serra (BR-376). Os manifestantes esperam por uma reunião em Brasília.

Agricultura

O protesto tinha principalmente agricultores da Região Metropolitana de Curitiba. ‘Pare, reflita e apoie. Campo e cidade dependem da agricultura familiar e camponesa para se alimentar‘, dizia uma das faixas levantadas pelos manifestantes, que destacava uma das principais pautas em discussão.

O principal pedido era o apoio à agricultura familiar e à agroecologia. Os manifestantes também defendiam a criação de uma unidade campo-cidade, além da reforma agrária. “Quem trabalha no campo sofre com inúmeros problemas, não tem apoio nenhum e precisa apenas cumprir com as regras impostas pelo Governo. O que queremos é que esse descaso acabe e voltem às atenções aos trabalhadores que sustentam as cidades”, completou José Maria.

Morte

Mesmo depois do fim da manifestação, perto das 11h, o tráfego permaneceu lento em quase todos os acessos da capital. Por volta do meio-dia, na BR-116, Erivaldo Oliveira da Silva, de 49 anos, que seguia com sua moto pelo corredor entre caminhões perdeu o equilíbrio e caiu embaixo de uma carreta. “O motorista disse que tentou segurar, mas o pneu já tinha passado sobre a vítima”, disse o policial rodoviário federal Cristiano Mendonça.

Revolta

Os motoristas que precisaram parar para esperar o protesto, não ficaram felizes. “Entendemos que as reinvindicações deles sejam válidas e que eles encontraram essa forma de chamar a atenção, mas se eles não estão no trabalho deles, eu estou e precisava entregar a mercadoria ainda nesta terça-feira. Com o protesto, perdi a entrega e vou ter que dormir dois dias na estrada para conseguir cumprir o trabalho”, disse um caminhoneiro que não quis se identificar.

Edinaldo Alves, que levava cerca de 20 funcionários da Renault para a fábrica, em São José dos Pinhais, estava na última viagem. “Tanto eu, quanto outros motoristas todos tivemos que parar, porque se não eles viriam para cima dos veículos. Não acredito que atrasar e prejudicar as pessoas seja uma forma correta de protestar”, defendeu.

Apoio

Desde o começo do protesto, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) ficaram no local para garantir que acontecesse de forma pacifica. “Nenhum episodio de violência foi registrado, mas desde o momento em que chegamos, já começamos uma negociação para tentar liberar a rodovia”, disse o inspetor Lucio Flavio Martins.

Sobre o congestionamento, por volta das 10h, o inspetor avaliava em aproximadamente cinco quilômetros, mas poderia ser maior. “Isso porque t,emos algumas formas que os motoristas podem encontrar para escapar do bloqueio, mas a cada minuto com a rodovia fechada isso aumenta”, explicou.

A Linha Verde, que tem os horários de restrição para o fluxo de caminhões, chegou a ser liberada para que o congestionamento diminuísse. Por volta das 11h, quando a rodovia foi liberada em meia-pista, o congestionamento passou dos 20 quilômetros. O trânsito só começou a fluir, ainda com lentidão, por volta de meio-dia, quando as duas pistas foram liberadas e os manifestantes ficaram nas laterais das pistas.

Transtornos

Os principais bairros afetados foram os da região sul da capital, como Cidade Industrial, Tatuquara, Pinheirinho e Sítio Cercado. Mas todas as regiões por onde passa a Linha Verde também tiveram o trânsito bastante prejudicado até o meio da tarde. Avenidas como a Victor Ferreira do Amaral, José Gulin, Presidente Affonso Camargo, Comendador Franco e Marechal Floriano Peixoto, ficaram ainda mais congestionadas e lentas. As saídas para São José dos Pinhais e Ponta Grossa, nos contornos Sul e Leste, concentraram enormes filas.

Aliocha Maurício
Polícia Rodoviária Federal está no local para negociar a liberação da rodovia.

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