Projeto amplia educação para jovens e adultos em Curitiba

A Prefeitura de Curitiba lançou na noite desta quarta-feira (25) o projeto Cereja – Centro Regional de Educação de Jovens e Adultos. O projeto amplia a estrutura da rede municipal da educação para escolarização de pessoas acima de 15 anos que não concluíram ou sequer iniciaram os estudos, oferecendo atendimento diferenciado a cada grupo. Mães com filhos pequenos, por exemplo, têm salas de acolhimento para deixar as crianças, e mulheres com dificuldades para sair de casa à noite podem frequentar as aulas pela manhã.

O Cereja começou a funcionar de forma piloto na Escola Municipal Enéas Farias, no Cajuru. A previsão é estendê-lo para mais oito unidades – uma em cada regional da cidade –, criando novas alternativas para as pessoas que precisam de escolarização e fazendo com que Curitiba se aproxime de uma taxa de alfabetização de 100%.

“Só conseguiremos realmente ampliar a autonomia das pessoas se garantirmos acesso ao conhecimento e à cultura. A alfabetização é um dos maiores e mais importantes passos para garantia de direitos e da cidadania”, disse o prefeito Gustavo Fruet durante o ato de lançamento do projeto, que contou com a presença de mais de 200 pessoas.

Curitiba é a capital brasileira com o menor índice de analfabetos. São 2,1% da população. Ainda assim, são 30 mil pessoas que precisam ingressar ou retornar aos bancos escolares.

Por meio do projeto Cereja, as escolas municipais vão se tornar espaços qualificados de ensino e aprendizagem. Além de escolarização, as unidades irão oferecer serviços básicos, qualificação profissional e oportunidades para a participação cidadã. Além disso, promoverão atividades esportivas e terão postos de serviços como documentação, vacinação e fortalecimento do vínculo com as Unidades de Saúde.

Desenvolvida pela Secretaria Municipal da Educação, a iniciativa prevê ações intersetoriais, com parcerias das secretarias da Saúde, do Esporte, Lazer e Juventude, do Trabalho, com o Instituto Federal do Paraná (IFPR), a Secretaria Estadual da Educação e o Ministério da Educação. Nos Cerejas serão oferecidos diferentes modalidades de ensino para a população adulta, como  ProJojovem Urbano, CEEBJA, APEDEs, Pronatec, além de turmas de Educação de Jovens e Adultos .

A modalidade de Educação de Jovens e Adultos é uma das prioridades do programa Curitiba Mais Educação, que faz parte do plano de governo do prefeito Gustavo Fruet. “Temos buscado iniciativas diferenciadas para atender as reais necessidades do cidadão que, por diferentes razões, foi privado do estudo. Agora precisamos conquistá-lo, aproximá-lo dos bancos escolares”, diz a secretária municipal da Educação, Roberlayne Borges Roballo.

Estratégias

Entre os diferenciais do projeto para atrair estudantes está a oferta de diferentes formas de alfabetização, com propostas voltadas às especificidades de cada grupo. Para garantir a participação dos que têm filhos pequenos, o Cereja oferece uma sala de acolhimento para crianças. Enquanto os pais estudam, elas ficam em sala próxima, cuidadas por profissionais da educação.

Jovens interessados na ascensão no mercado de trabalho têm currículo que privilegia o desenvolvimento das competências, enquanto que para pessoas de mais idade – principalmente mulheres acima dos 60 – há turmas que funcionam no período da manhã.

Estrangeiros formam outro grupo favorecido pelo Cereja, com turmas – como as que já acontecem na Escola Professor Brandão, no Centro – voltadas à aulas de Língua Portuguesa. Aprender o idioma é o primeiro passo para a escolarização ou para a comprovação dos estudos nos casos das pessoas já formadas.

A diretora do Departamento de Ensino Fundamental da Secretaria Municipal da Educação, Waldirene Bellardo, ressalta a necessidade de se respeitar as especificidades desses grupos, como única forma de melhorar os indicadores de escolaridade da população.

“São pessoas que não puderam ou não quiseram terminar, ou aqueles que nem sequer iniciaram o ensino regular. Entre os problemas para envolver este público na educação está o currículo, que na grande maioria das vezes é apenas a adaptação dos conteúdos e metodologias do ensino fundamental ofertado para crianças e adolescentes”, diz Waldirene.

Cajuru

A Escola Enéas Faria, no Cajuru, foi escolhida para dar início ao projeto a partir das características da população da região. O Cajuru é o segundo núcleo regional com maior número de analfabetos: são 4.394 pessoas acima de 15 anos que não sabem ler e escrever.

O projeto piloto do Cereja inicia com aproximadamente 200 estudantes divididos nas diferentes modalidades de educação de jovens e adultos. A sala de acolhimento está recebendo 18 crianças, que durante as aulas dos pais são orientadas em brincadeiras, recebem lanche e os cuidados de profissionais experientes da rede municipal de educação.

Estiveram presentes ao lançamento do projeto Cereja a secretária municipal da Mulher, Roseli Isidoro, os vereadores Luis Felipe Braga Cortes e Pier Petruzielo, além do administrador regional do Cajuru, Francisco Caetano Martins.