PM ensina educação no trânsito a crianças surdas

Crianças da 4.ª série do Ensino Fundamental do Colégio Estadual para Surdos Alcindo Fanaya Junior, na capital, tiveram uma manhã diferente ontem. Convidadas pela Polícia Militar, elas receberam instruções de como se comportar no trânsito com mais segurança. O sargento Aparecido da Paz Camargo, do Batalhão Rodoviário da PM, que domina a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) foi o instrutor. O local escolhido para a aula prática foi a Escola de Trânsito do DER (Departamento de Estradas de Rodagem).

Numa pista que simula a sinalização que os pedestres encontram no dia-a-dia, como semáforos para veículos e pessoas, canaletas exclusivas para ônibus, travessia em pista dupla e em pista simples, entre outras, as crianças puderam tirar dúvidas e conhecer um pouco mais de trânsito. Luciana Teixeira Silva, 16 anos, gostou de poder se comunicar na linguagem dos sinais com o policial militar. O sargento Camargo é o único PM no Paraná que faz palestras de trânsito para surdos.

Comunicação

De acordo com ele, não basta dominar a linguagem de sinais. Mais importante é conhecer a cultura dos surdos, que, como as pessoas que não possuem esse tipo de limitação, usam gírias e sinais característicos para se expressar. Com a ajuda da professora Lilian Hermínia Ramos, a estudante Luciana contou que, de modo geral, as pessoas deveriam se interessar em aprender a se comunicar com eles. “Vou contar em casa que aprendi que devemos prestar atenção no trânsito para evitar acidentes”, disse ela.

O sargento Camargo veio especialmente de Mauá da Serra, região de Londrina, onde trabalha, para esta aula. Naquela cidade, ele faz palestras sobre trânsito para todos os públicos. “Os surdos são bem mais obedientes no trânsito, pois prestam mais atenção e cumprem a legislação”, elogiou. O policial militar disse que se interessou pela linguagem de sinais quando foi dar uma aula para crianças e precisou de intérprete. “Hoje, faço questão de conversar com eles à maneira deles e de saber que sou compreendido”, disse.

Estatística

Conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aproximadamente 2% da população, no Brasil, não ouve. Mas o sargento explicou que os surdos podem, por exemplo, ter habilitação para dirigir carros e motos. O veículo deles precisa ser identificado com uma placa de cor verde com tarja transversal em vermelho. “O motorista que encontrar outro veículo com esta placa deverá saber que ali está uma pessoa com deficiência auditiva”, explicou.

As principais dúvidas das crianças foram sanadas com explicações simples sobre como se portar na hora de atravessar a rua, seja em locais sinalizados ou não, e também em relação aos semáforos de veículos e pedestres. Mas a principal preocupação deles, afirmou o sargento Camargo, é com relação às ambulâncias e carros de polícia ou outros que possuem sirene. “Como não ouvem, eles ficam atentos à luz do giroflex, o que nem sempre é fácil de distinguir durante o dia”, comentou o policial.

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