Piraquara tem muita história e beleza a serem mostradas

Com pouco mais de 80 mil habitantes, Piraquara é um caso a parte dentre os municípios da Região Metropolitana de Curitiba. Responsável pelo abastecimento de água da capital, a cidade está confinada ao seu atual território, sem a possibilidade de atrair indústrias, por possuir três Áreas de Preservação Ambiental (APA).

A determinação prejudicou também os produtores rurais da cidade. Enfrentando delimitações quanto ao tamanho e tipo da propriedade e quanto aos equipamentos possíveis de serem utilizados, os agricultores procuraram, há cerca de cinco anos, o técnico da Emater na cidade, Gilmar Clavisso.

“”Eles estavam sem possibilidades e, de repente, surgiu essa idéia de turismo rural, que não era algo muito conhecido na época. Mesmo assim decidimos investir”.

O trabalho começou com o levantamento da produção e das características de cada produtor da cidade. Tudo foi catalogado e organizado. Só que além das atrações, que tradicionalmente podem ser encontradas nas áreas metropolitanas, Piraquara tinha um algo mais, uma atração que andava meio esquecida na própria cidade. Único município do Paraná a receber imigrantes da região de Trento, antiga província do império austríaco, que depois passou para as mãos da Itália, Piraquara começou a se organizar para mostrar um pouco do que representou, e, ainda representa a presença dessa comunidade.

Circuito Trentino

A Colônia Imperial Santa Maria do Novo Tirol da Boca da Serra foi fundada em 1878, por 59 famílias recém-chegadas ao Brasil, vindas de Trento. Gilmar e os descendentes desses imigrantes decidiram criar o Circuito Trentino. O trabalho ainda está sendo feito. Mas com apoio da Província de Trento, já foram construídas 12 unidades de transformação agro-artesanal. “Temos queijo, vinho, leite e doces”, aponta Gilmar. Umas das produtoras trentinas é Lúcia Gaio Jess. Ela serve o almoço trentino, feito à base de muita polenta, risoto de frango caipira, salame e coxa e sobre coxa de frango. Tudo sempre acompanhado do tradicional vinho, também feito por ela.

Na fazenda de Margarida Gaio, de 79 anos, o visitante pode conhecer um antigo moinho de fubá, de arroz e comparar os cobertores feitos de pele de carneiro, que segundo ela duram para toda vida. Mas visitar os trentinos não é apenas comprar e comer. A cada conversa, os moradores revelam um pouco da história de seus descendentes. “Eles vieram para cá sem saber direito o que encontrar e ajudaram a construir a cidade”, diz Margarida. A história dos trentinos está em toda Nova Tirol. Na igreja, que ainda guarda um sino e uma imagem de Nossa Senhora da Assunção, que veio com os viajantes do outro lado do oceano. Na estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, que os primeiros imigrantes ajudaram a construir. A história está até no cemitério, onde descansam nomes como Gaio, Alberti, Brunetti, Gabardo e tantos outros que fizeram de Piraquara um pedacinho da Itália.

Serviço:

Maiores informações sobre a Circuito Trentino podem ser obtidas pelo telefone 673-1861 com Gilmar. Quem estiver interessado no Almoço ou no Café Colonial Trentino pode ligar para o 9994-2599.

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