Um pequeno inseto vindo da distante Austrália está preocupando produtores de eucalipto e pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Trata-se do percevejo bronzeado (Thaumastocoris peregrinus), que foi descoberto pela primeira vez no Brasil no ano passado, na região de São Francisco de Assis, no Rio Grande do Sul. Apenas recentemente ele foi encontrado no Paraná, mais precisamente na região de Curitiba.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Floresta, Leonardo Rodrigues Barbosa, o percevejo bronzeado fez um longo caminho até chegar ao Brasil. “Acreditamos que esse inseto fez o caminho da Austrália para África do Sul, inicialmente.
Depois, ele chegou na Argentina, foi para o Uruguai até chegar ao nosso País. Acredito que o percevejo possa ter chegado até aqui por meio de correntes de ar ou no transporte de mudas”, avalia o pesquisador.
No Brasil, a disseminação pode ter ocorrido pelo transporte de madeiras. “O inseto, ao chegar no Rio Grande do Sul, não se disseminou. Porém, quando ele se instalou no estado de São Paulo, na região de Jaguariúna, ele se espalhou de tal forma que ganhou ares de uma praga. Acredito que isso aconteceu pelo transporte de madeira pelas estradas, uma vez que detectamos a presença dele às margens das rodovias”, explica. O inseto pode causar severos danos em plantios de eucaliptos. Conforme informa o pesquisador, o percevejo chega a provocar a morte da árvore.
“Ele é um inseto sugador, que se alimenta da folha do eucalipto. Conforme for o tamanho da infestação dessa praga, ele pode desfolhar de forma parcial ou total a árvore e, nesses casos, levá-la à morte. O nome bronzeado para esse percevejo é porque ele deixa as folhas com esse aspecto e, progressivamente, o sintoma afeta toda a copa”, avisa. Por enquanto, diz Barbosa, ainda não foi detectada a morte de um eucalipto pela praga, contudo, a alta infestação tem deixado todos em alerta.
O pesquisador diz que, possivelmente, não haja um predador natural desse inseto no Brasil por se tratar de uma espécie exótica. Todavia, ele informa que há uma vespa na Austrália que parasita os ovos do percevejo e existe a possibilidade de importar o inseto para fazer o controle biológico.
“Precisamos fazer mais estudos sobre o percevejo antes de tomar alguma decisão. Estamos mapeando o inseto para ver onde ele se encontra e colaborando com um pesquisador de São Paulo para tentar resolver esse problema.”