Pescadores protestam em Paranaguá

Os pescadores do litoral do Paraná estão cobrando as promessas que foram feitas após a proibição da pesca no Estado, devido o vazamento de óleo do navio chileno Vicuña, que explodiu há 16 dias em Paranaguá. Eles garantem que muitos pescadores estão passando fome e querem o repasse de recursos financeiros por parte dos responsáveis pelo acidente.

Cerca de mil pessoas, entre pescadores e familiares, saíram ontem pela manhã do centro de Paranaguá e seguiram em passeata até a sede da empresa Cattalini, no bairro do Rocio. Eles permaneceram por quase duas horas em frente à empresa -que é responsável pelo terminal privado onde ocorreu o acidente com o navio Vicuña -, esperando uma definição sobre uma ajuda para as famílias. De acordo com o presidente da Federação das Colônias de Pescadores do Paraná, Edmir Manuel Fernandes, a intenção era conversar com os culpados do acidente. "Mas a empresa diz que não é responsável, assim como os armadores e a seguradora. Ficam jogando a gente de um lado para o outro", disse Edmir.

O repasse financeiro que eles esperam receber é para cobrir despesas como água e luz, que alguns já estão tendo cortadas por falta de pagamento. O presidente da federação disse que o governo federal, através da Secretaria Especial da Pesca, garantiu que será repassado R$ 1,7 milhão para os pescadores do Paraná. Porém, esse dinheiro só deverá ser liberado em dois meses e não atingirá toda a categoria. "Tem pescador que não tem um ano de carteira ou pescava em alto-mar. Esses não têm direito ao benefício", falou, acrescentando que as cestas básicas que estão sendo distribuídas também não cobrem essas despesas.

No final da tarde de ontem, uma comissão com representantes de pescadores de Antonina, Guaraqueçaba e Paranaguá foi formada para conversar com responsáveis pela seguradora do navio chileno. Eles tinham a expectativa de receber uma proposta sobre repasse financeiro, que será analisada hoje pela categoria.

Guaraqueçaba

Um grupo de cerca de 90 pescadores se reuniu, ontem à tarde, em frente ao destacamento da Policia Florestal de Guaraqueçaba para protestar contra a apreensão de três dúzias de caranguejos feita durante uma operação na baía. O barco foi encontrado com os crustáceos por policiais florestais, porém, os pescadores fugiram. Durante o protesto, os trabalhadores também aproveitaram para reivindicar o recebimento de cestas básicas. A Defesa Civil informou que a entrega dos alimentos começou a ser feita no último sábado, e que a comunidade de Guaraqueçaba deverá ser atendida hoje.

Óléo não prejudicou Ilha do Mel

O óleo que vazou do navio Vicuña não atingiu a qualidade ambiental das praias para o turismo. A informação foi repassada ontem pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Segundo técnicos dos dois órgãos, apesar de o óleo ter atingido parte da Ilha do Mel as regiões turísticas foram pouco afetadas, e a qualidade ambiental do local, inclusive da água, não está comprometida.

O objetivo dessa divulgação foi esclarecer a situação, principalmente aos turistas, que estão cancelando as reservas em pousadas. De acordo com o coordenador do IAP na ilha, Reginato Bueno, não há motivo para essas medidas, já que nas praias que são normalmente as mais movimentadas – Encantadas, da Bóia, Mar de Fora, do Miguel, Grande, do Farol, Fortaleza e Saco do Limoeiro – nem pesca nem atividades desportivas foram proibidas pela instrução normativa 025/04. "Essas atividades continuam normalmente nos espaços banhados por mar aberto", complementa o biólogo e chefe do escritório regional do Ibama em Paranaguá, Lício Domit.

Segundo ele, os órgãos ambientais estão providenciando a limpeza das praias da ilha freqüentemente e o que pode acontecer, eventualmente, é o aparecimento de pequenas placas de piche. "Essas plaquinhas já eram comuns antes mesmo do acidente, ou seja, não podemos afirmar que são oriundas do óleo combustível que vazou", conta. O biólogo complementa que a presença dessas placas é comum em qualquer praia, mas que elas não são tóxicas e não causam contaminação ou irritação da pele. "A única coisa que pode acontecer é sujar a pele, mas essa sujeira é facilmente removida com óleo de cozinha", conta.

Praia Deserta

O Ibama também divulgou que a situação é a mesma na Praia Deserta, localizada no Parque Nacional do Superagüi. Parte da praia foi atingida por uma pequena quantidade de óleo, mas os trabalhos de limpeza realizados diariamente ajudaram a recuperar o local. Um dos motivos que levam o órgão ambiental a priorizar a proteção da área é que ela é ponto de migração de maçaricos, vindos da América do Norte. Os maçaricos são hóspedes assíduos do Brasil. Eles chegam em setembro e só voltam para casa depois de aproveitar o verão tropical. As aves ciscam na areia da praia em busca de alimento e poderiam ser contaminadas pelo óleo se a areia permanecesse suja com o produto. (RO)

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