Paraná pode virar receptor de fábricas de amianto

O Paraná corre o risco de se tornar o receptor de empresas que utilizam o amianto em seus produtos. A acusação foi feita ontem pela auditora fiscal do Ministério do Trabalho, Fernanda Giannasi, durante uma videoconferência que debateu o impacto da fibra sobre a saúde e o meio ambiente. A convite da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Giannasi, que é fundadora da Rede Virtual Cidadã pelo Banimento do Amianto na América Latina e Associação Brasileira de Expostos ao Amianto (Abrea), debateu com o coordenador do regional da Comissão Nacional dos Trabalhadores do Amianto (CNTA), Nilton Campos.

"Existem 10 empresas trabalhando com o amianto no Paraná, mas apenas sete delas são cadastradas para operar com o material", diz Giannasi. Para a auditora, isso é indício que as companhias estão "migrando o risco" para o Estado, já que o Paraná não tem nenhuma legislação contrária à utilização do amianto. Foi comprovado cientificamente que a fibra causa câncer, sendo que desde 1996 tramita no Congresso um projeto de lei propondo a proibição do amianto branco ou crisotila no País. "42 países já o aboliram, mas no Brasil o debate está paralisado", diz Giannasi.

A cadeia produtiva do amianto envolve 215 empresas, que fabricam desde telhas e caixas d’água até freios para automóveis e produtos têxteis como luvas industriais e roupas para bombeiros. "Propomos uma mudança de tecnologia, que não representa perda de vagas, mas sim uma ocupação que garanta rendimentos e segurança para o trabalhador", diz a auditora.

Para Campos, que defende a utilização controlada da fibra, além da possibilidade de perda de vagas, os sindicatos e associações dos trabalhadores dessas indústrias dizem não haver segurança que os substitutos do amianto também não causem doenças. "Entre o certo e o possível, o amianto já tem normas e procedimentos que permitem lidar com ele com segurança", explica.

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