Paraná, pioneiro na preservação

Estado pioneiro nas grandes ações ambientais no País. Assim o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida, define o Paraná. ?Claro que ainda temos muitos – e enormes – problemas para resolver. Mas com certeza somos o Estado que mais apresenta soluções para preservar o meio ambiente no Brasil?, afirma um dos homens encarregados de criar e gerir os esforços de preservação no Estado.

Alguns dos números citados pelo secretário são mesmo grandiosos. O Estado desenvolve o maior programa de reflorestamento de matas ciliares do mundo, com 90 milhões de mudas nativas plantadas. É atualmente o Estado brasileiro com maior número de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) no País, com um total de 200 áreas. No Brasil, tem o maior programa de recolhimento de embalagens de agrotóxicos no campo. No ano passado, recolheu 4 mil toneladas, o equivalente a 25% de toda a tonelagem brasileira. ?É o mesmo que a Austrália toda recolheu no mesmo período?, aponta.

Mas de acordo com Cheida, essas políticas têm seu preço. A principal conseqüência, afirma, é que se acaba comprando briga com muita gente. ?Foi assim com a proibição do plantio de lavouras transgênicas e assim está sendo com a criação das unidades de preservação para a salvação das araucárias?, conta. Mas para ele, a contrapartida é mais do que satisfatória. ?Hoje, servimos cerca de 1,3 milhão de refeições orgânicas diariamente nas escolas públicas no Estado. Estamos criando um mercado alternativo e sadio.?

Mesmo enfrentando alguma resistência, Cheida acredita que o paranaense está muito sensibilizado para a questão ecológica. ?Uma grande preocupação é que os métodos de degradação evoluíram muito rápido. Agora são necessários uns poucos para causar a devastação que antes levava anos. Por isso não se pode descuidar nunca?, conta.

Curitiba

O secretário municipal do Meio Ambiente de Curitiba, Domingo Caporrino Neto, compartilha o otimismo do colega quanto à consciência ecológica do curitibano. ?Basta ver o que acontece quando temos um corte autorizado de árvore. O telefone do disque denúncia não pára de tocar?, conta. Para Neto, não é à toa que a cidade recebeu a alcunha de Capital Ecológica. ?Temos hoje a maior relação de área verde por habitante das capitais brasileiras, com 51 metros quadrados?, diz.

Mas quando o assunto é tecnologia, Neto vê um panorama diferente de Cheida. ?Recebemos muita reclamação de que a preservação impede o crescimento econômico. Acredito que o problema é que muitos empresários não querem investir corretamente em tecnologias limpas. Preservar sai caro?, diz.

Araucárias precisam de proteção

Algumas iniciativas tentam afastar a araucária, a árvore símbolo do Paraná, da extinção no Estado. Um projeto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que visa a criação de parques de proteção ambiental, e algumas curiosas técnicas, envolvendo até mesmo clonagem, são apontadas como a salvação da árvore. E para os especialistas já não é sem tempo: hoje, resta uma cobertura de apenas 0,8%.

O projeto do Ibama quer criar cinco novas áreas de proteção ambiental no Paraná e três em Santa Catarina. O objetivo é preservar o que resta das florestas de araucária nos dois estados. ?A importância desses parques não é apenas pela árvore em si. O que está em jogo é a salvação de um ecossistema?, afirma o engenheiro agrônomo e pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Flávio Zanette. (DD)

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