Paraná não é o 3º estado mais violento do Brasil

O Paraná não é o terceiro Estado mais violento do país. Na tarde de ontem, o subsecretário nacional de Segurança Pública, Robinson Robin, anunciou, em Curitiba, que há equívocos nos números apresentados no Mapa das Ocorrências Registradas pelas Polícias Civis, divulgados pelo Ministério da Justiça no último dia 22. O anúncio foi feito após uma reunião entre representantes da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), que apresentaram documentos contestando os dados da pesquisa.

Após a divulgação do mapa, que, além de colocar o Paraná como o terceiro Estado mais violento do País, ainda colocava três municípios paranaenses (Curitiba, Foz do Iguaçu e São José dos Pinhais) entre os cinco com maior índice de criminalidade, o secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, encaminhou ofício ao Ministério da Justiça solicitando correção nos dados. ?Os dados do Paraná foram coletados a partir do Sistema ?Polícia Online?, utilizado pela Polícia Civil apenas para informatizar os registros. Esses dados não podem, de forma alguma, serem utilizados a fim de estatística, uma vez que faz registros dobrados, não diferencia homicídio de tentativa de homicídio e registra um novo boletim caso algum registro já presente no sistema seja alterado. Isso causou a distorção nos números?, justificou o secretário. A Coordenadoria de Análise e Planejamento da Sesp está realizando uma auditoria em todos os boletins de ocorrência registrados entre 2004 e 2005, período de abrangência da pesquisa, para chegar aos números reais, o que deve ocorrer em duas semanas.

Ao tomar conhecimento dos documentos, Robin concordou com a existência de informações equivocadas e admitiu corrigir os números assim que os receber do Estado. ?Estamos iniciando a cultura de trabalhar com a estatística para auxiliar os Estados a qualificarem suas ações em segurança pública. Colhemos aqueles números que podem ser utilizados de diversas formas, mas eles se revelaram imperfeitos e, por isso, teremos de corrigi-los. Estamos no meio de um processo em constante aperfeiçoamento, mas já temos um patamar, já sabemos em que direção seguir?, disse o subsecretário, reconhecendo que os números só serão confiáveis quando se tiver um sistema unificado em todos os estados. ?Há estados que ainda fazem os registros à mão?, ressaltou.

Robin explicou que o intuito da pesquisa não é comparar as estatísticas de cada cidade ou estado, e sim levantar um perfil da criminalidade para nortear os investimentos e a consolidação de políticas públicas em segurança. ?O uso aventureiro desses números, para revelar mazelas ou criar um ranking da violência é um desserviço à população e só serve para apequenar uma iniciativa tão importante?, disse. Questionado sobre o período inadequado em que a pesquisa teria sido divulgada, às vésperas das eleições, o subsecretário disse não haver período certo ou errado para repassar uma informação. ?Nossa proposta é técnica e apartidária, não nos apegamos ao período eleitoral, mesmo as informações podendo ser prejudiciais até ao governo federal. Não há hora certa para se divulgar a notícia, quando concluímos o estudo, o divulgamos?, destacou. ?Essas informações foram divulgadas para melhor qualificar o trabalho da polícia e não para ser usada de forma eleitoreira ou como manchete sensacionalista de jornal?, acrescentou Delazari. Segundo o secretário estadual, os novos números sobre a criminalidade no Paraná seriam aceitáveis para os padrões do Estado e os investimentos que têm sido feito em segurança pública.

Metodologia não permite comparar

O coordenador-geral de pesquisa da Senasp, Marcelo Durantte, explicou que a metodologia utilizada na pesquisa não permitia comparações, visto que o Ministério da Justiça não produz dados, apenas os coleta junto aos estados o que permite muitas diferenças entre as informações repassadas de cada unidade da federação. Para ele, o mapeamento serve mais para mostrar a eficiência de cada polícia, uma vez que quanto mais a polícia trabalhou, maior é o número de registros coletados no Estado.

?Se um estado tem módulos policiais operantes, delegacias especializadas bem distribuídas por seu território e um sistema que informatiza todos os registros, é óbvio que registrará uma média maior de ocorrências?, salientou.

Durantte destacou que com os dados levantados pelo mapeamento vai ser possível estabelecer um novo parâmetro da criminalidade no país, como os atos mais praticados e o perfil dos criminosos e das vítimas. ?Esses dados poderão ser trabalhados nas universidades que tratam a questão da segurança para que, com interpretações corretas, as ações para coibir a violência sejam melhor estudadas?, disse, lembrando que a pesquisa revelou uma queda no número de homicídios no país.

Marcelo anunciou, ainda, a execução de uma Pesquisa Nacional de Vitimização, coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para levantar o número real de vítimas de crime. ?Nessa pesquisa, vamos de casa em casa procurar por vítimas de crime. Assim, teremos um número mais real e também teremos conhecimento de vítimas de ocorrências não registradas na polícia?, destacou.

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