Natureza

Os encantos da Estrada da Graciosa

A Serra do Mar, em um dia ensolarado, é uma das mais belas paisagens do nosso litoral. Para apreciá-la, uma das maneiras mais gostosas é descer pela Estrada da Graciosa (PR-410), que sai da BR-116 (Curitiba-São Paulo) e chega a Morretes e Antonina.

O caminho corta a Mata Atlântica e quem passa pela estrada encontra mirantes, rios, pequenas cachoeiras e recantos com churrasqueiras e quiosques. A Estrada da Graciosa foi concluída no século XIX e tornou-se a principal ligação entre o litoral e o planalto na época.

A extensão da Estrada da Graciosa é de quase trinta quilômetros. Ela tem pista simples, de mão dupla, e somente parte tem asfalto. No restante do trajeto, o motorista encontra paralelepípedos.

A Estrada da Graciosa tem muitas curvas. O tráfego está proibido para caminhões e veículos pesados. A velocidade permitida para o trecho é de 40 km/h. O condutor precisa tomar cuidado com os animais que podem atravessar a pista. Em dias de chuva, o motorista deve redobrar a atenção.

Apesar de a rodovia ser pequena, a viagem não tem hora para terminar. Tudo começa com o Portal da Graciosa, logo na saída da BR-116. Durante a descida, é possível parar em seis recantos, onde há churrasqueiras e banheiros. No Recanto Engenheiro Lacerda, existe um mirante, de onde se pode ver o mar.

“A gente vem mais na Estrada da Graciosa quando há um feriado ou nas férias, só curtindo a natureza”, conta o motorista Everton Cabral, que atravessou a estrada com a família.

O Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde, que fiscaliza a área, lembra que o som alto, o acampamento com barracas e as fogueiras são proibidos. Todo o lixo deve ser recolhido e colocado nas lixeiras disponíveis.

“A maior incidência de ocorrências é a poluição sonora”, comenta o tenente Ivan Fonseca Filho, relações-públicas do batalhão. Em qualquer infração, a pessoa é convidada primeiramente a tomar a atitude correta.

Outra preocupação é quanto aos rios, que têm muitas pedras. Muitos visitantes gostam de andar por elas e até mesmo deitar para tomar sol. Mas as pedras são muito lisas e qualquer descuido pode causar um acidente.

Nos recantos onde há pequenas cachoeiras, a Força Verde não aconselha o consumo de água. “Embora a água seja cristalina e venha da serra, ela não é própria para beber. Pode vir terra, tem casas ao redor e os animais passam por ali também”, explica Fonseca Filho.

O recanto mais procurado é o Mãe Catira, perto do rio do mesmo nome. Ali também está uma ponte de ferro, onde o visitante pode apreciar o rio. Nos recantos situados na Estrada da Graciosa vendem-se balas de banana, chips de banana, salgadinho de mandioca, cachaças artesanais, pastel e pamonha, entre outros lanches.

“No mês passado, como choveu demais, o movimento foi fraco. Esta seria a melhor época do ano para a gente”, revela Maria Tereza Pires, que trabalha em quiosques da Estrada da Graciosa há 18 anos.

Os vendedores registram um maior movimento no final de semana. “Quando chove, o movimento cai pelo menos 50%. Mas tem gente que desce mesmo assim. Aí mantém a média”, esclarece Vilson Rodrigues da Silva, que trabalha na área há 10 anos.

Já no litoral, uma bifurcação faz o motorista escolher o fim da viagem: Antonina ou Morretes. De qualquer maneira o passeio fica completo.

Pelas diversas trilhas, o encontro com a natureza

Na Serra do Mar há uma série de trilhas para caminhadas nas quais é possível um maior contato com a natureza. Mas, antes de colocar o tênis e andar pela Mata Atlântica, os aventureiros precisam tomar uma série de providências. A primeira delas é conh,ecer bem o local e pedir ajuda para quem conhece a região.

Quem quiser percorrer as trilhas deve se programar e começar cedo para terminar ainda de dia. Também é recomendado andar em grupo, levar um kit de primeiros socorros, vestuário adequado e lanterna.

O tempo e a própria trilha podem trazer armadilhas. Por isso os cuidados são tão necessários. Já houve casos de pessoas que ficaram perdidas ou isoladas depois de um temporal, pois os rios da região sobem rápido quando chove demais. Nesta época do ano, também é comum a presença de cobras peçonhentas por causa do calor.

Uma das trilhas da Serra do Mar parte da Estrada da Graciosa, chamada de Caminho dos Jesuítas. A trilha começa após o primeiro mirante na estrada, cruza a Estrada da Graciosa várias vezes e termina no Recanto Mãe Catira.

As duas mais tradicionais são o Caminho do Itupava e a que chega até o Pico Marumbi, um dos pontos de escalada mais tradicionais da região. Nos dois casos, existe um controle de visitantes feito pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), na Estrada de Prainhas, em Morretes.

Também há uma base de controle em Quatro Barras, onde a maioria das pessoas começa a trilhar pelo Caminho do Itupava. É preciso informar a quantidade de pessoas no grupo, trajeto e tempo previsto para a volta. Os responsáveis pela unidade dão orientações para a caminhada.

O Caminho do Itupava tem cerca de 16 quilômetros de extensão e pode ser percorrido a partir de Morretes ou de Quatro Barras. Quem sobe enfrenta um grau de dificuldade muito maior.

Em média, são gastas nove horas para subir e sete horas para descer até o litoral. A trilha passa por diversos rios e estações ferroviárias. Além das belezas naturais, o visitante poderá encontrar ruínas. O Caminho do Itupava foi aberto a partir de uma trilha indígena do período pré-colonial e calçado com pedras no século XIX.

Por quase 250 anos foi a principal via entre o litoral e o planalto onde está Curitiba. O Caminho do Itupava deixou de ser utilizado após a construção da Estrada da Graciosa e da Estrada de Ferro de Paranaguá. Há quase três anos passou por recuperação.