Fazer um estágio durante o ensino médio ou superior representa uma oportunidade de ouro para colocar em prática tudo aquilo que é ensinado dentro da sala de aula. Além disso, o estágio é uma maneira de mostrar competências para o mercado de trabalho. Quem é estagiário consegue a experiência tão necessária para conseguir um emprego ou ainda pode ser efetivado dentro da própria empresa que ofereceu o estágio. Mas tudo isso deve ser acompanhado de um importante e essencial fator: o comprometimento.
É o que acha Wienner Willie Osinaga, assistente administrativo do departamento de planejamento estratégico da Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, que controla o Colégio Bom Jesus e a Unifae. Ele foi estagiário da instituição de ensino e hoje atua em uma das áreas mais importantes da própria entidade.
Tudo começou em 2001, quando ele cursava Administração de Empresas na FAE. A instituição ofertou uma vaga de estágio na biblioteca da faculdade e Willie se candidatou. Não passou em um primeiro momento, mas ficou na lista de espera. Pouco tempo depois foi aberta uma nova vaga e ele foi chamado. Na biblioteca, Willie passou a dar suporte e também atendia os alunos.
Ainda como estagiário, ele foi encaminhado para o departamento de marketing, onde foi efetivado em 2004. ?Consegui a vaga definitiva em virtude dos trabalhos realizados dentro da própria instituição. Tive a experiência de ver a empresa como um todo e aplicar os conceitos aprendidos dentro da sala de aula?, comenta. Neste ano, veio um desafio maior ainda: integrar o departamento de planejamento estratégico da instituição.
Willie diz que o estágio é uma grande oportunidade, mas que o sucesso depende muito da pessoa. ?Depende da dedicação, do comprometimento e também dos resultados, que mostram a capacidade que você tem. Para mim, a palavra-chave é justamente comprometimento. Tem que assumir a responsabilidade. Hoje, muitos jovens começam sem se comprometer. Tem que ir até o fim, estabelecer metas, saber onde quer chegar?, acredita.
A oportunidade de fazer um estágio está aberta para todos, mas não basta conquistar a vaga e pronto. A dedicação e o comprometimento geram um enorme benefício para o próprio estagiário. Hoje, nas grandes empresas, parte dos cargos de chefia são ocupados por pessoas que entraram na instituição justamente como estagiários.
Em alguns cursos, o estágio é obrigatório e um dos itens de avaliação do aluno. Em outros, não há essa necessidade, mas isto não significa que não seja uma ótima experiência para o aluno. É o momento de saber como tudo funciona no mercado de trabalho, de fazer aquilo que aprendeu na sala de aula. Além disso, serve como prática, pois se sabe que é difícil arranjar o primeiro trabalho sem qualquer tipo de experiência. Estágio dá prática, complementa a formação e facilita a procura por emprego, revela o presidente do Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR), Luiz Mäder Sunyé.
A legislação determina que o estágio não pode ultrapassar dois anos. Em média, o estagiário fica na vaga entre 1 e 1,5 ano. O período é supervisionado pela instituição de ensino onde o estudante esteja matriculado. O estagiário ganha uma bolsa-auxílio, que chega a 1,5 salário mínimo, em média. Algumas empresas oferecem mais benefícios para o estagiário. ?Embora seja uma porta de entrada para o marcado de trabalho, o estágio não é um emprego?, pondera Sunyé.
Candidatos enfrentam uma série de seleções
| Foto: Chuniti Kawamura/O Estado |
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| Pedro: ?Perfil adequado?. |
Para entrar ou permanecer no mercado de trabalho, um candidato a emprego passa por diversos testes, seleções, entrevistas, dinâmicas de grupo. Muitas pessoas, inclusive, ficam nervosas e podem não conseguir a vaga justamente por causa disso. Hoje em dia, o mesmo processo, talvez não tão rigoroso e exigente, é aplicado também na seleção de candidatos para uma vaga para estágio. Não basta bater na porta da empresa e mostrar a cara. Entrevistas, testes e dinâmicas de grupo também são realizadas por entidades encaminhadoras de estudantes para estágios e pelas próprias empresas.
No Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR), o interessado em uma vaga de estágio se inscreve na sede da entidade (Rua Ivo Leão, 42, Alto da Glória) ou pela internet (www.cieepr.org.br). O CIEE mantém também postos em unidades de ensino e centros universitários. O estudante preenche um formulário e acompanha os estágios oferecidos. Se a oportunidade interessa, o CIEE vê se o perfil do aluno bate com o que a empresa quer, por meio de entrevistas. ?Aqui, costumamos dar o indicativo sobre comportamento, apresentação, como participar de uma entrevista?, declara o presidente da entidade, Luiz Sunyé. No momento, o CIEE está com 35 mil pessoas em estágio em todo o Paraná, e cerca de 100 mil cadastradas desejando uma oportunidade.
O Instituto Euvaldo Lodi (IEL) encaminha dez mil estudantes para estágio, em média, por ano no estado. Possui 47 mil pessoas em seu cadastro. A entidade mantém unidades nas principais cidades do Paraná. O interessado por uma vaga deve fazer a sua inscrição no site www.ielpr.org.br e preencher um minicurrículo. O IEL faz a seleção para encontrar um perfil aproximado de estudante com o que a empresa está procurando. O candidato passa por dinâmicas de grupo e entrevistas, para identificar se vai se adaptar bem dentro da empresa e se o estágio é condizente com o curso em que está matriculado.
Quando são identificados os candidatos, no mínimo três para cada vaga, a empresa é que fez a seleção final. ?A intenção não é reprovar, mas fazer uma espécie de ?casamento? da vaga, encontrar o perfil adequado?, explica Pedro Andriolli, coordenador de estágios e novos talentos do IEL. Nas seleções feitas com candidatos, também se procura ver o comportamento, como evitar que uma pessoa totalmente introvertida seja encaminhada para uma vaga em que haja uma maior exposição, por exemplo.
Segundo Sunyé, não há vagas de estágio para a maioria dos estudantes. De quatro alunos que procuram uma oportunidade, apenas um consegue. A demanda só seria sanada se mais empresas se propusessem a oferecer mais vagas. ?É preciso convencer um maior número de empresários e administradores públicos sobre a vantagem de ter um estagiário?, argumenta.
Na opinião de Andriolli, ainda existem muitas oportunidades para estudantes que nem sempre são preenchidas, dependendo da área. Um exemplo são as vagas destinadas para pessoas portadoras de necessidades especiais. ?Muitas vezes não achamos estas pessoas. Gostaríamos que elas se cadastrassem pelo site, para que se faça o encaminhamento para as empresas?, avalia.
Instituições também saem ganhando
O estágio traz vantagens para os alunos e também para as instituições que oferecem esse tipo de oportunidade. As empresas ofertam vagas de estágio por diversas razões, como a missão de contribuir na formação dos futuros profissionais. No entanto, a oferta de estágio também está diretamente relacionada com os altos custos em contratar uma pessoa com o perfil errado. ?Durante o estágio, é possível formar um profissional pronto para a empresa, que conheça a cultura, a filosofia, a logística, o ambiente da instituição?, afirma Pedro Andriolli, coordenador de estágios e novos talentos do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), vinculado à Confederação Nacional da Indústria. De acordo com ele, a empresa ganha também com a inquietude natural dos jovens. A oferta de vagas para estagiários também pode fazer parte da missão de formação de muitas empresas e órgãos públicos. Esta é a filosofia da Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, que comanda o Colégio Bom Jesus e a Unifae. Solange Tomelin Rothenburg, da área de recrutamento e seleção da instituição, lembra que auxiliar na formação complementar dos estudantes é uma filosofia da empresa. ?Nossa proposta para os estagiários é proporcionar um período em que ele possa descobrir se é realmente aquilo que quer. Além disso, quando surge uma vaga definitiva, é muito mais fácil pegar gente já adaptada?, ressalta. Atualmente, a associação conta com 180 estagiários em diversas áreas.
O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR), como órgão público, também contribui para a formação de profissionais. Além disso, é uma oportunidade para a população conhecer mais profundamente a legislação eleitoral. ?O TRE/PR oportuniza a condição para o complemento do ensino. É uma oportunidade para estágio e também de conhecer o processo eleitoral?, comenta Beatriz Rodrigues de Melo, chefe da seção de recrutamento, acompanhamento e avaliação do TRE/PR. Tanto o TRE quanto o Bom Jesus fazem as suas seleções de candidatos a estágio pelo CIEE/PR. O último também permite inscrições no site www.bomjesus.br, pelo ícone Trabalhe Conosco.