Oeste tem desenvolvimento díspar

Um estudo realizado pelo campus de Toledo da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), a pedido da Associação das Câmaras Municipais do Oeste do Paraná (Acamop), revelou um dado preocupante. Municípios que compõem o médio oeste do Estado estão sofrendo com o baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

?A análise chama a atenção pela situação de dificuldade das cidades do médio oeste do Paraná. Com exceção a Assis Chateaubriand e Cafelândia, as demais localidades apresentam sérios problemas. Tanto é que se somarmos os Produtos Internos Brutos (PIB) de municípios como Anahy, Iracema do Oeste, Diamante do Sul, Formosa do Oeste e Jesuítas não conseguem superar o de Toledo. Caso nada seja feito para reverter esse problema, pode ser que, a longo prazo, essas cidades deixem de existir ou tenham que se fundir para superar as adversidades?, revela o professor da Unioeste Jandir Ferrera de Lima, autor da pesquisa.

O estudo aponta que os municípios que se encontram em situação mais delicada são Anahy, Diamante do Sul e Iracema do Oeste. Nesses locais, a atividade industrial é quase inexistente e a economia local gira em torno da agricultura. Contudo, a atividade agrícola é de baixa produtividade, prevalecendo as pequenas propriedades rurais. Além disso, elas enfrentam um problema sério com o envelhecimento da população e o conseqüente êxodo dos jovens, que procuram centros urbanos maiores para viver.

Caminhos

Mas o estudo não revela apenas problemas. Ela aponta também soluções para esses municípios. Em curto prazo, diz o professor, pode-se trabalhar com as prefeituras para desenvolver projetos que atraiam recursos federal e estadual. Em médio prazo, a Unioeste propôs o projeto Pró-Natureza Limpa, que trabalha com as questões ambiental, social e econômica, o que, de acordo com o professor, poderia ser muito útil para essas localidades. Em longo prazo, pode ser desenvolvido um trabalho com a sociedade civil organizada para estimular o cooperativismo na região. ?A solução existe, basta saber aplicá-la?, diz o professor.

A reportagem de O Estado entrou em contato com o assessor jurídico da Prefeitura de Iracema do Oeste, Kelvin da Costa.

O assessor discorda de alguns dados da pesquisa, mas admite que a cidade tem problemas com o baixo IDH. Ele também acha normal o jovem buscar municípios maiores para tentar a vida e não acredita que o município possa algum dia ?desaparecer?.

A pesquisa abrange todo o oeste do Paraná e será apresentada em julho, no Encontro Anual de Iniciação Científica, no campus de Foz do Iguaçu da Unioeste.

Algumas soluções

Uma das soluções apontadas pelo professor Jandir Ferrera de Lima para os problemas da microrregião do médio oeste é o projeto Pró-Natureza Limpa. Essa pesquisa foi realizada pelo professor da Unioeste de Toledo, Camilo Freddy Mendonza Morejon, e por professores e alunos dos cursos de Engenharia Química e Economia da instituição.

O projeto tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento de estratégias para trabalhar com o tratamento, reciclagem, processamento e industrialização de lixo urbano doméstico dessas cidades, gerando riqueza, tecnologia e consciência social e a partir dos resíduos.

Além de ser uma alternativa para melhorar economicamente essas cidades, o programa ajudaria na questão do meio-ambiente.

Embora os aterros sanitários que atendem os municípios sejam relativamente novos, esse projeto ajudaria a poupá-los e iria garantir uma vida útil mais longa ao espaço.

O projeto já começou a ser aplicado em Formosa do Oeste. Outros municípios do médio oeste devem ser beneficiados com o programa. (FL)

Carta mostra preocupação

Depois que as lideranças dos municípios do médio oeste souberam dos dados negativos da pesquisa, houve uma reunião na Câmara Municipal de Jesuítas. Desse encontro surgiu o documento chamado ?Carta de Jesuítas. A assembléia teve a participação das cidades de Assis Chateaubriand, Cafelândia, Formosa do Oeste, Iracema do Oeste, Jesuítas e Nova Aurora.

A carta aponta para a preocupação dos municípios com o baixo índice de desenvolvimento da microrregião. Ela alerta também que o futuro não será promissor e teme que a situação piore.

Para os participantes do evento, saber da realidade desfavorável fez com que houvesse uma mobilização para reverter a situação. ?Devemos aprofundar as questões para construir metas para reverter essa situação. Vamos apontar para a retomada do desenvolvimento do médio oeste em bases sustentáveis. Nossa alavanca será o envolvimento de toda a comunidade?, revela um trecho do documento. (FL)

Municípios são pouco atrativos economicamente

A Unioeste realizou neste ano uma análise de potencial dos municípios do oeste do Paraná. Foi verificada na pesquisa a qualidade de vida, potencial de mercado, impostos gerados, renda per capta, entre outros pontos, nas 50 localidades da região. As cidades consideradas mais atrativas para receber investimentos são Foz do Iguaçu, Cascavel e Toledo. As últimas colocações do ranking são de municípios do médio oeste, como Diamante do Sul, Formosa, Jesuítas e Anahy. Para o professor Jandir Ferrera de Lima, a razão para a baixa colocação desses locais está ligada aos baixos indicadores econômicos e a falta de infra-estrutura. ?O oeste apresenta os dois extremos de qualidade de vida. Temos municípios prósperos, como Toledo, que apresentam ótimos índices de desenvolvimento. Por outro lado, há cidades que têm problemas sérios. Se essas localidades trabalharem de forma planejada, tenho certeza que conseguiremos reverter esse quadro?, afirma o professor. (FL)

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