Sistema moderno

Novo laboratório no litoral do Paraná vai produzir sementes de ostra cultivada

Paraná investe R$ 3 milhões em laboratório de sementes de ostra cultivada no Litoral
Foto: SETI

Guaratuba, no litoral do Paraná, terá um laboratório dedicado à pesquisa e produção de sementes de ostra cultivada. A nova unidade será instalada no Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Pontal do Paraná. Para o projeto, o governo do estado liberou, nesta terça-feira (25/11), um aporte de R$ 3 milhões.

Apresentado ao estado em dezembro do ano passado, o projeto propõe estruturar um sistema moderno de produção de sementes do molusco adaptadas às condições ambientais do litoral paranaense. Essas sementes serão disponibilizadas para os maricultores de Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Matinhos, Paranaguá e Pontal do Paraná.

Entre as inovações previstas estão um aplicativo para acompanhar o desenvolvimento das sementes e o uso de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para automatizar processos e otimizar o cultivo.

Laboratório de sementes de ostra terá bolsas de iniciação científica

Os recursos investidos são do Fundo Paraná, que faz parte da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). A Fundação Araucária será responsável pelo repasse financeiro à Fundação de Apoio da UFPR (Funpar), que executará as etapas administrativas do projeto.

O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) e a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) atuarão em conjunto com ações de capacitação, monitoramento de toxinas, apoio à distribuição de sementes e melhoria das práticas produtivas.

Do valor total, R$ 1,14 milhão será destinado à compra de equipamentos de última geração, incluindo sistemas completos de tratamento e filtragem de água, sensores ambientais, microscópios de alta precisão e um conjunto de desinfecção ultravioleta capaz de aquecer e resfriar a água conforme a necessidade das etapas produtivas.

O restante, R$ 1,85 milhão, será aplicado em custeio, incluindo R$ 562 mil para a concessão de 14 bolsas de iniciação científica, mestrado, pós-doutorado e apoio técnico, pelo período de um a três anos.

Como vai ser a estrutura do laboratório

Com um modelo diferenciado, o laboratório será organizado em setores que cuidam das primeiras fases de vida das ostras, da produção do alimento que elas consomem, da preparação dos animais reprodutores e do crescimento inicial das sementes.

A estrutura vai reunir tecnologias avançadas de automação, sensores de qualidade da água e sistemas de recirculação controlados por um conjunto de equipamentos para que o laboratório funcione durante todo o ano, independentemente da época reprodutiva natural dos moluscos.

O professor Francisco José Lagreze Squella, que coordena a ação no Centro de Estudos do Mar da UFPR, destaca a importância da tecnologia para o setor produtivo. “Com o aplicativo baseado em IA, os produtores poderão acompanhar o crescimento das sementes por imagem, receber alertas de manejo e acessar dados de qualidade da água, enquanto o laboratório mantém um controle preciso dos lotes produzidos e estabelece condições para aprimorar as sementes e avançar em pesquisas com ostras cultivadas e outras espécies de moluscos”, pontua.

O projeto prevê o desenvolvimento de sistemas de visão computacional capazes de analisar imagens e acompanhar o crescimento das sementes, além de algoritmos para otimizar a alimentação de larvas e ajustar variáveis como temperatura, salinidade e luminosidade. Essas tecnologias possibilitarão aos pesquisadores tomar decisão com base em dados, o que deve contribuir para o desenvolvimento de linhagens de ostras com melhor desempenho e maior sobrevivência.

População de ostras no litoral do Paraná

Estudos da UFPR mostram que o uso de reprodutores da própria região melhora o desempenho das sementes e torna o cultivo mais eficiente e sustentável, favorecendo a recuperação das populações naturais de ostras.

A expectativa é aumentar a previsibilidade do trabalho de cerca de 500 produtores paranaenses, que deixarão de depender da coleta de sementes em manguezais. Outro destaque desse tipo de produção é a continuidade do ciclo produtivo da espécie, sendo que o laboratório permite identificar situações sanitárias adversas.

Além da produção de sementes, o laboratório atuará como polo de capacitação com a oferta de cursos, oficinas, apostilas e atividades práticas para aproximar a universidade do setor produtivo.

Também estão previstas a publicação de artigos científicos e a organização de seminários para fomentar a troca de experiências com outros centros de pesquisa. Nesse cenário, bolsistas e pesquisadores de graduação e pós-graduação poderão desenvolver estudos inéditos sobre automação e IA na produção de moluscos.

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