Nossa história está sendo devorada pelos cupins

Cupins estão colocando em risco o patrimônio histórico da capital paranaense. Os insetos não dão trégua e ameaçam móveis, livros, quadros, documentos antigos e mesmo a estrutura do que é feito de madeira ou contenha celulose.

Segundo a diretora do Patrimônio Histórico de Curitiba, Ana Maria Hladvuk, e a conservadora da Casa da Memória, Denise Zanini, os cupins se tornaram verdadeiras pragas na cidade, agindo em locais como o Memorial de Imigração Polonesa – no Bosque do Papa -, Solar do Barão, Museu de Arte Sacra, Casa Stenzel do Centro de Criatividade do Parque São Lourenço, entre outros. “Fizemos uma pesquisa e descobrimos que 24 igrejas localizadas em Curitiba e Região Metropolitana, entre elas a Igreja da Ordem (no centro da capital), sofrem devido à incidência de cupins”, afirmam Ana Maria e Denise. “É um problema difícil de ser combatido e que deve estar sendo sempre controlado.”

A presença dos cupins causa prejuízos financeiros -pela necessidade de realização de serviços de descupinização – e também históricos e culturais. “Só no Solar do Barão, no início do ano, gastamos cerca de R$ 1 mil para combater os cupins”, conta a diretora do Patrimônio Histórico. “Porém, o maior prejuízo acontece quando partes de informações contidas em livros e documentos são perdidas ou obras de arte acabam danificadas.”

Na tentativa de conservar para não precisar restaurar o patrimônio da cidade, Ana Maria conta que trabalhos preventivos são realizados constantemente. Duas vezes ao ano são feitos serviços de descupinização. O último aconteceu em fevereiro e deve ser repetido no próximo mês de julho.

Variedades

O professor do setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Mário Navarro, explica que existe uma série de espécies de cupins. Porém, quatro ou cinco costumam estar mais relacionadas ao meio urbano. Para combatê-los, não basta apenas tratar o móvel ou outros objetos atingidos: “A primeira coisa a fazer é descobrir a espécie de cupim que está atacando, conhecendo a biologia e o comportamento dela. Depois, é necessário encontrar o ninho dos cupins e matar tanto a rainha quanto os outros indivíduos”, explica. “Um único ninho tem milhares de cupins. Embora só a rainha ponha ovos, muitas vezes não adianta exterminar apenas ela. Isso porque existem reprodutores secundários que, na ausência da rainha, podem tomar seu lugar e continuar o processo de reprodução.”

Ambiente

Outro fator que interfere na presença de cupins é o ambiente. Em locais bem iluminados e secos, a incidência dos bichinhos costuma ser menor. Mário lembra que, na hora de combater os cupins, é essencial as pessoas buscarem acompanhamento profissional habilitado. Isso porque, para acabar com o problema, são utilizados produtos químicos bastante pesados e que podem colocar em risco o bem-estar das pessoas e dos animais.

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