Morador de Tamandaré volta a pedir segurança

Moradores de Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, voltaram a fechar a Rua Emílio Antônio Johnson, no Parque São Jorge, no final da tarde de ontem. Pedaços de madeira e pneus foram queimados, produzindo uma grande fumaça escura. Os quase duzentos moradores que se aglomeraram na rua prometiam só deixar o local à meia-noite, ou até que a prefeitura apresentasse alguma proposta. Eles pedem a construção de duas lombadas na via, na tentativa de amenizar o número de acidentes. No último sábado, duas meninas foram atropeladas por uma Caravan e uma delas corre o risco de ter a perna amputada.

“Estou arrasado. Moro na rua há dezesseis anos e nunca pensei que isso aconteceria algum dia com a minha filha”, diz o pedreiro Paulo César Toledo, 31 anos, pai de Aline Patrícia dos Santos, 9 anos, uma das meninas atropeladas. Ele conta que a filha continua internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Cajuru, terá que ser submetida e ainda que corre o risco de ter a perna amputada. “Ela estava na casa de uma amiga e quando voltava para casa, por volta das 17h30, foi atropelada por um carro, que não conseguiu vencer a curva e subiu na calçada”, conta Paulo. A menina precisa de doação de sangue.

A zeladora Clarice Aparecida Marchioro, 31 anos, a primeira a socorrer as garotas, conta que não fica mais tranqüila em deixar os filhos na rua. “Tenho dois filhos pequenos, um de 9 e outro de 7 anos. Eles não têm onde brincar, nem na calçada dá mais”, lamenta. Para ela, a revolta é grande, porque todos os moradores são obrigados a pagar o IPTU e sequer têm o mínimo de segurança. “O prefeito prometeu fazer a lombada, mas diz que não tem verba.” Além do redutor de velocidade, eles pleiteiam também a construção de calçada e placas de sinalização.

Quinze mortes

“Nos últimos seis anos, mais de quinze pessoas morreram aqui”, denuncia o artesão Clóvis Santos, 35 anos, que há 31 mora no bairro. Ele explica que pela via passam seis linhas de ônibus, o que resulta em mais de 300 ônibus por dia, além de quase quatro mil veículos. “Os pedestres são obrigados a dividir o espaço com carroça, carrinhos de papel, ônibus. Não há placa nem faixa de sinalização”, reclama. Para ele, por se tratar de uma cidade dormitório – onde as pessoas moram, mas trabalham em outra -, a situação não é resolvida logo. “O prefeito trata com descaso”, critica.

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