Protesto

Médicos residentes protestam em busca de melhores condições

Em busca de condições que garantam a qualidade da residência médica no sistema público de saúde, médicos residentes de todo o país, que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS), protestaram na última quinta-feira (24), fazendo uma paralisação de 24 horas. Segundo a Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR) cerca de 30 mil residentes participaram da greve e para garantir o atendimento emergencial ao público, apenas 30% deles seguiram exercendo suas funções nesta data.

A greve dos residentes do SUS faz parte do Movimento Nacional de Valorização da Residência Médica, que busca junto ao governo federal, mudanças como o aumento da representação das entidades médicas, fiscalização dos programas de residência do país, revisão do Decreto nº 8.497 para garantir que a residência médica permaneça como padrão ouro de formação de especialistas, levantamento e suspensão dos cortes orçamentários em hospitais e unidades básicas de saúde, criação de um plano de carreira e de valorização para os médicos preceptores, plano de carreira nacional para médicos do SUS, fim imediato da carência de 10 meses junto ao INSS, garantia do auxílio moradia e isonomia da Bolsa de Residência Médica com as bolsas de outros programas de ensino médico do Governo Federal.

‘São várias as pautas, mas todas elas consistem em um objetivo, que é manter a qualidade das residências médicas, combatendo as medidas unilaterais do governo federal, que pioram a qualidade e aumentam a defasagem da residência no sistema público de saúde‘, ressalta o médico vice-presidente da Comissão de Residência Médica do Hospital Santa Casa De Misericórdia De Curitiba Lucas Cunha.

Em Curitiba

Segundo Cunha, em Curitiba a mobilização teve a adesão de residentes do Hospital Universitário Cajuru, Santa Casa de Misericórdia e em alguns momentos, do Hospital do Trabalhador. ‘A ideia não foi gerar transtornos e sim chamar a atenção da sociedade e do governo. Mantivemos o mínimo de 30% dos residentes realizando os atendimentos eletivos, e em alguns lugares, havia mais médicos atendendo‘.

No Hospital Universitário Cajuru, por exemplo, 90 residentes participaram da greve, que teve como consequências principais, o cancelamento de 20 cirurgias eletivas (aquelas que não são de urgência ou emergência) e o cancelamento de mais de 270 consultas de várias especialidades, que seriam realizadas no ambulatório anexo ao hospital.

Próximas Etapas

‘Nós iniciamos o diálogo com o governo em outubro do ano passado, e só depois de muito esforço da nossa parte é que conseguimos algum contato. Independentemente das negociações, a paralisação teve a intenção de conscientizar a população e os próprios médicos sobre a importância da residência médica. É o padrão ouro na formação de especialistas no mundo inteiro, não só no Brasil, mas infelizmente não vemos esforço do governo para garantir essa qualificação‘, comenta o presidente da ANMR Arthur Danila.

Segundo as entidades que representam os residentes, ainda não houve novidades nas negociações com o governo, mas novas greves não estão descartadas. E de acordo com a ANMR, em outubro, o movimento deve se reunir com representantes do Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Ministério da Previdência Social, Ministério do Planejamento e Gestão, Conselhos Nacional e Municipal de Secretários de Saúde e Federação das Santas Casas de Misericórdia, para dar prosseguimento aos diálogos.