Médicos do SUS ameaçam paralisação

Os médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) iniciaram ontem uma mobilização em todo o País que pode culminar com uma paralisação, ao menos na realização de cirurgias eletivas, que não caracterizam urgência. A categoria reivindica, entre outras questões, uma melhor remuneração das tabelas de honorários e procedimentos hospitalares, bem como a criação de um piso nacional de R$ 6,9 mil e a implantação de um plano de cargos e salários.

Em Curitiba, a mobilização foi centralizada no Hospital de Clínicas, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), um dos cinco maiores hospitais-escola do País e que concentra o maior número de atendimentos do Paraná: uma média de 60 mil atendimentos mês e 72 internações por dia. No entanto, nas últimas semanas, o hospital foi obrigado a interromper serviços e até cancelar cirurgias pela falta de condições técnicas, que vão desde falta de medicamentos até materiais cirúrgicos básicos. Só em dívidas o HC acumula R$ 17 milhões com fornecedores. O diretor do hospital, Giovanni Loddo, disse que o hospital está retomando as cirurgias nesta semana, mas que a situação deve voltar a acontecer caso os repasses não sejam melhorados.

De acordo com o presidente do Conselho Regional de Saúde do Paraná, Gerson Zafalon Martins, de setembro de 2006 até agosto deste ano, o Paraná (com 10,5 milhões de habitantes) teve uma produção ambulatorial de 148 milhões de procedimentos (32 milhões só em Curitiba), que incluem vacinas, consultas e outros atendimentos especializados. No mesmo período foram realizadas mais de 760 mil internações, com registro de 24.176 óbitos, o que representa 3% dos pacientes internados, um índice baixo em função das dificuldades que os profissionais encontram nos locais de trabalho.

O valor pago pelo SUS por paciente internado é de R$ 133,94, incluído nesse valor, além do honorário médico, serviços hospitalares, enfermagem, higiene, serviços de diagnóstico, terapêutica e medicamentos. Martins afirma que o SUS paga R$ 2 a consulta, que pode chegar a R$ 10 se com especialista. Um parto normal é remunerado em R$ 249, cujo valor é dividido com outros profissionais como enfermeiro e anestesista; enquanto na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) o valor é de R$ 806. Dos 20 mil médicos do Paraná, 60% têm vínculo com o serviço público, e desse total, 30% tem pelo menos três atividades para formar a renda.

Voltar ao topo