Maio amarelo!

Maio Amarelo: motoristas deixam o Brasil em 4º lugar em mortes no trânsito

O Brasil é o quarto país do mundo no ranking de mais mortes em acidentes de trânsito. Então fica a dúvida: para reverter este quadro é necessário tornar as leis de trânsito mais rígidas ou rever o comportamento de todos os envolvidos no trânsito? Especialistas são unânimes em dizer que o problema está no comportamento do brasileiro, que ainda tem muito a mudar. E é justamente a segurança no trânsito, baseada na educação, o mote central do Movimento Maio Amarelo, que está sendo lançado hoje em todo o País.

Em maio de 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou a “Década de Ação Para a Segurança no Trânsito”, que tem o objetivo de, até 2020, reduzir a quantidade de mortes em acidentes. A meta do Brasil é baixar a quantia em 50%. Segundo a organização não-governamental Observatório Nacional de Segurança Viária, mais de 45 mil pessoas morreram no País, em 2012, vítimas do trânsito. A maioria delas foi em casos com motocicletas. Depois disto, em quantias semelhantes, vêm os acidentes com automóveis e a desatenção de pedestres. O Paraná é o terceiro estado da federação com maior número de acidentes.

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Outra pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), diz que cerca de 1,3 milhão de pessoas morreram por esta causa, em 178 países, em 2009. Aproximadamente R$ 50 milhões sobreviveram com sequelas. O Brasil aparece em quinto lugar neste ranking.  Se nada for feito, chegaremos a 2020 com 1,9 milhões de mortes no mundo, a quinta maior causa de mortalidade mundial. Para a OMS, as chaves de redução da mortalidade são combater a direção sob efeito de álcool, excesso de velocidade, não uso do capacete, do cinto de segurança e das cadeirinhas.

“O Governo, sozinho, não consegue atingir esta meta de redução. Por isto, são necessárias outras ações. Para engajarmos à meta da ONU, queríamos algo que envolvesse bastante as pessoas. Então pensamos no Maio Amarelo. Nosso objetivo é mostrar que todos somos responsáveis para reduzir as mortes no trânsito. Maio foi escolhido por ter sido o mês que a ONU lançou a meta. E amarelo pra mostrar que a situação é crítica”, analisou Mauro Gil Meger, vice-presidente do Observatório e um dos organizadores do Maio Amarelo.

RPC

O telejornal Paraná TV – 1.ª edição fará uma abertura especial nesta sexta-feira (08), sobre o Maio Amarelo. Além de acompanharem ações e blitz educativas que vão ocorrer durante toda a manhã, a Redação Móvel da RPC estará na Praça Santos Andrade, a partir das 12h, para falar do assunto ao vivo.

Tipos de acidentes mais comuns nas estradas brasileiras

1) Colisão traseira
2) Colisão lateral (geralmente veículo que atravessa a pista)
3) Saída de pista
4) Colisão transversal
5) Colisão com objeto fixo
6) Capotamento
7) Tombamento
8) Colisão Frontal*
9) Queda de moto
10) Atropelamento de pessoa

* A colisão frontal corresponde a apenas 3% dos tipos de acidentes. No entanto, é a responsável por 34% das mortes nas rodovias federais.

Causas (Presumíveis)

,1) Falta de atenção (celular, buscar algo no chão ou nos bancos, distração com rádio ou uma conversa)
2) Não dar distância do veículo da frente
3) Velocidade incompatível (não necessariamente velocidade acima do permitido, mas conduzir a 110 Km/h num momento de chuva intensa, por exemplo)
4) Desobediência à sinalização
5) Ingestão de álcool
6) Defeito mecânico
7) Dormir ao volante
8) Ultrapassagem indevida
9) Animais na pista
10) Defeito da via

Fonte: Polícia Rodoviária Federal

Depende de nós, não da lei

“As pessoas, e os próprios parlamentares, tem a mania de depositar a culpa de tudo na rigidez ou flacidez da lei. Só que as leis que temos hoje são boas, não precisam ser mais rígidas. O problema está no comportamento das pessoas em respeitá-las”, diz Marcelo Araújo, presidente da Comissão de Trânsito da Ordem dos Advogados do Brasil – seção Paraná (OAB -PR).

Ele até acredita que as multas do Código de Trânsito Brasileiro precisam passar por uma atualização de valores, já que estão defasadas desde o ano 2000 e somente algumas passaram por atualizações nos últimos anos. Mas torná-las mais “salgadas” não vai adiantar muito na redução dos crimes de trânsito.

“Veja o cigarro. Há alguns anos, fumava-se à vontade em locais fechados e não se dizia nada. Hoje, o fumante não faz mais isto. Ele nem sabe de quanto é a multa, nem que vai fiscalizá-lo. Mas se ele acender um cigarro em local fechado, as pessoas vão repreende-lo. Isto porque o comportamento das pessoas mudou rapidamente nos últimos anos, em relação ao cigarro. O trânsito também tem que passar por esta mudança de comportamento. Não as leis”, analisou o advogado.

“A nossa lei é boa, umas das melhores do mundo nessa área de trânsito. O que tem que melhorar é a educação. Veja a Lei Seca. Se fosse pela rigidez da regra, não tinhamos mais motoristas dirigindo bêbados. Mas no último feriado, de 1.º de maio, em quatro dias, autuamos 84 motoristas embriagados nas rodovias federais do Paraná. Destes, 29 foram presos porque excederam a quantia de álcool tolerada na lei. Precisamos de campanhas mais impactantes, para que as pessoas entendam que não tem sete vidas”, disse o inspetor Wilson Martines, da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Martines acredita que a educação para o trânsito é necessária do ensino infantil até a faculdade. A PRF tem uma comissão que só trabalha com isto e estima-se que, no ano passado, 48 mil pessoas foram impactadas pelos trabalhos.

Houve redução de acidentes, feridos e mortos, de 2010 para 2014, se os dados forem comparados à frota de veículos no país, que aumentou bastante neste período. Em 2010, eram quase 65 milhões de veículos. Em 2014, a frota era de quase 87 milhões.