Boa parte das lotéricas do Sul do país devem suspender o pagamento do Bolsa Família a partir o dia 22 de abril, caso não ocorra nenhuma revisão dos valores recebidos por esses estabelecimentos a fim de atuarem como correspondentes bancários para esse e outro tipos de serviços (veja o quadro). A decisão foi tomada em assembleia e confirmada pelo Sindicato dos Empresários Lotéricos do Paraná (Sinlopar). Outra mudança prevista para iniciar em abril, do dia 19 em diante, será que nos sábados o atendimento das lotéricas será exclusivo para jogos.
O presidente do Sinlopar, Aldemar Mascarenhas, comenta que tais deliberações são fruto do desequilíbrio financeiro entre os valores repassados pelos bancos e o custo dos serviços prestados pelas loterias. “Não estamos tendo lucro para realizar uma atividade que desafoga os bancos, em especial a Caixa, e que aumentou a responsabilidade e a complexidade do nosso negócio, mas que fazemos muito bem, tanto que 70% dos pagamentos de boletos bancários são feitos nas unidades lotéricas”, avalia.
Segundo ele, cada pagamento repassado ou título recebido em uma lotérica costuma remunerar, em média, R$ 0,42, sendo que nenhuma atividade ultrapassa R$ 0,70. Os lotéricos, inclusive, preparam mover uma ação retroativa de cinco anos para frente a fim de reaver os valores justos pelos serviços prestados.
Mascarenhas ressalta que embora a decisão de suspender o pagamento do Bolsa Família tenha sido aprovada pela maioria dos lotéricos, a expectativa é que haja um entendimento com a Caixa antes da data. “Nossa intenção não é prejudicar a população, mas garantir qualidade e viabilidade para o negócio com um repasse justo, de pelo menos R$ 0,78 por serviço”.
Em nota, a Caixa explicou que está em “permanente diálogo com os sindicatos”, e que “busca construir alternativas que beneficiem os permissionários e o banco”. Como a instituição ainda não foi notificada pelas lotéricas, que planejam fazer isso nos próximos dias, a assessoria não se pronunciou sobre as providências que irá tomar.