Lojas de “R$ 1,99” fazem dez anos com novo perfil

Quando elas surgiram, há cerca de 10 anos, causaram uma sensação pela novidade e produtos que ofereciam, normalmente importados. Hoje, as lojas de preço único, conhecidas como R$ 1,99, continuam ganhando mercado, porém, com um novo perfil, tanto de produtos como em preços.

Essa mudança acompanhou as alterações da economia, avalia o técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Sandro Silva. Com o Plano Real -criado em julho de 1994 -, a moeda se igualou ao dólar. Isso fez a renda do trabalhador aumentar, o que favoreceu o surgimento dessas lojas. “Mas com a mudança na política cambial, ficou difícil manter os mesmos preços e a nacionalização dos produtos foi uma saída para sustentar o negócio”, disse Silva.

Os gerentes de uma loja de R$ 1,99 no bairro Mercês, Sérgio dos Santos Feldhaus e José Feldhaus Filho, estão há três anos no ramo e confirmam que hoje o segmento não é tão interessante como no início, devido à variação cambial. Quando começaram, 75% dos produtos da loja eram importados, e hoje os nacionais já ocupam 80% das prateleiras.

Outro problema dessa variação, afirmam os gerentes, é que quando um produto tem o preço majorado, ele some do mercado e fica difícil repor os estoques. Além das “lembrancinhas”, brinquedos e utensílios domésticos, os alimentos – chamados produtos de gula – também vêm ganhando espaço nessas lojas, que acabam concorrendo com os supermercados.

Estímulo

O administrador de empresas Adilson Alves Tremura afirma que é consumidor assíduo de lojas de preço único, porque elas oferecem uma variedade de artigos com preços acessíveis. “O material escolar, por exemplo, é muito mais barato aqui do que em uma livraria”, falou. O mesmo afirmou a governanta Lenice Moro Conchi, que busca nas lojas de R$ 1,99, além dos preços, novidades que diz não encontrar em lojas convencionais.

Visitar essas lojas, para a dona de casa Josefa Santana, é uma rotina. “Sempre passo para ver as novidades”, disse, assumindo que normalmente acaba levando alguma coisa, além do necessário. E esse estímulo ao consumo, avalia o técnico do Dieese Sandro Silva, acontece nessas lojas e em promoções. “As pessoas acabam comprando mais pelo impulso do que pela real necessidade do produto”, falou.

Para o professor de Economia da Universidade Federal do Paraná e assessor da Federação do Comércio, Luiz Vamberto Santana, apesar de todas as mudanças econômicas, essas lojas sempre terão consumidores, porque acabam sendo uma alternativa para as pessoas com baixo poder aquisitivo. “O próprio IBGE aponta que em 2003 a renda média do trabalhador caiu 10%, se comparado com 2002. Isso faz que as lojas de preço único sejam uma opção importante no momento de grande nível de desemprego e salários não corrigidos pela inflação”, finalizou.

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