Jornalistas ucranianos farão reportagens sobre o Paraná

O secretário da Agricultura e do Abastecimento em exercício, Herlon Goelzer de Almeida, recepcionou nesta sexta-feira (30) dois jornalistas ucranianos que estão no Paraná para fazer uma série de reportagens políticas, econômicas e culturais sobre o Estado, que abriga uma importante colônia ucraniana concentrada na região de Prudentópolis e Curitiba. Eles estavam acompanhados de Vitório Sorotiuk, presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira.

Na Secretaria da Agricultura, os jornalistas Valeriy Yasynovski e Karpenko Oleksandr fizeram várias perguntas sobre o funcionamento da agricultura no Estado e como esse setor se relaciona com a colônia ucraniana. Yasynovski é editor-chefe do jornal Silski Visti, com sede em Kiev. E Karpenko é redator.

Além das reportagens, os jornalistas vão participar do 7º Congresso da Comunidade Ucraniana do Brasil e 4º Encontro Sul-Americano de Ucranianos, que acontecem entre os dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, no teatro Sesc da Esquina e na Sociedade Ucraniana do Brasil, em Curitiba.

A entrevista foi acompanhada pelo diretor do Departamento de Economia Rural (Deral), Francisco Simioni, e pelos técnicos da Secretaria e representantes da colônia ucraniana Methódio Groxko, Reinaldo Skaliz e Peter Jedyn, este último o tradutor dos jornalistas.

Os jornalistas manifestaram interesse em saber o funcionamento do mercado agrícola, financiamentos, taxas de juros, investimentos, participação da Agricultura Familiar na produção paranaense, seguro agrícola e o sistema de produção integrada com a participação das cooperativas, entre outros assuntos.

Questionaram também o interesse do Paraná em estabelecer um intercâmbio para aproximação dos interesses do Estado com a Ucrânia. O diálogo também abordou questões polêmicas como a dos alimentos transgênicos.

Eles queriam saber como o Estado está lidando com essa tecnologia e gostaram de saber sobre a preocupação do governo estadual com a disseminação da técnica no Brasil. Segundo Yasynovski, eles também têm preocupação com a tecnologia da produção agrícola transgênica na Ucrânia.

Yasynovski destacou que as reportagens irão abordar sobre o modo de vida da colonização ucraniana no Paraná, como eles se relacionam com os governos locais e como o Paraná, que é um estado agrícola, se relaciona com a colônia. Eles querem saber quais as oportunidades que os descendentes têm no Estado e no País. O jornalista disse que teve uma boa impressão a respeito da comunidade ucraniana e sua forma de vida no Paraná.

Almeida falou sobre a existência no Brasil de uma política diferenciada de juros e no acesso ao crédito pela Agricultura Familiar. Graças a esse sistema, onde 85% dos agricultores paranaenses são familiares, o Paraná é o maior produtor de grãos do País com apenas 3% do território nacional.

Almeida atribuiu à política do Estado que direciona seu apoio à Agricultura Familiar e à diversidade étnica existente, os bons resultados alcançados pela agricultura paranaense. Almeida lembrou também a existência das colônias italiana, polonesa, alemã, japonesa, holandesa, entre outras, que contribuem para fazer a riqueza desse Estado.

Almeida salientou que nem o governo federal nem o estadual estão interessados em fazer o desmonte dessa estrutura fortalecida pela Agricultura Familiar. O interesse dos governos é desestimular ao máximo a concentração de terras, disse. “É importante para o agricultor manter uma área menor, mas produtiva e diversificada, do que uma área grande de monocultura, mais suscetível a prejuízos”, justificou o secretário em exercício.

Ele salientou que a preocupação da Secretaria da Agricultura é estimular a diversificação da pequena propriedade para ela não ficar vinculada ao binômio milho e soja, onde se concentram 85% da produção do ,Estado. Existe muita vulnerabilidade nesse sistema de produção e o desafio da Seab é mudar esse cenário.

Para Almeida, a vulnerabilidade desse sistema é a falta de autonomia dos agricultores, uma vez que a comercialização do milho e da soja é ditada pela Bolsa de Chicago (EUA). Outro dilema é a dependência da importação de insumos agrícolas que encarecem os custos de produção.

Daí o interesse da Seab em estimular técnicas agrícolas mais brandas num processo de diversificação como a produção orgânica, a redução da aplicação de insumos químicos com manejo integrado de pragas, entre outras técnicas.