Iraquiano e americano de Curitiba defendem a paz

Diferentemente daqueles que guerreiam no Oriente Médio, em Curitiba americanos e iraquianos têm uma mesma posição sobre a guerra. São totalmente contra. O Estado conversou com pessoas nascidas nesses países, que moram na capital do Paraná e estão emocionalmente envolvidas com o conflito. Além da postura contra as batalhas que estão acontecendo em território iraquiano, há outro ponto em comum: a visível admiração pelo Brasil.

Hikmat Hanna, 69 anos, nasceu no Iraque, mas desde os dezoito anos está fora de seu país de origem. Para fazer o curso de Filosofia na Pontifícia Universidade Católica de Roma, ele foi para a Itália, onde morou por 22 anos. Lá conheceu uma turista brasileira, se apaixonou e veio morar em São Paulo. Depois de dezoito anos de casado a companheira faleceu. Então Hikmat conheceu sua atual mulher, uma curitibana. Desde 1990 ele vive na capital, no bairro Barreirinha. Em 1978 recebeu cidadania brasileira. O iraquiano nunca chegou a ter contato com o regime de Saddam Hussein. Todavia, chegou próximo ao trabalhar nas embaixadas iraquianas tanto na Itália, como no Brasil, no período da primeira Guerra do Golfo.

Hikmat tem sete irmãos que ainda moram no Iraque, mas seu contato com eles terminou após guerra de 1991. “A última vez que falei com meu irmão por telefone foi em 1993. Depois disso ficou muito difícil me comunicar com eles”, contou, dizendo que acha que alguns de seus sobrinhos estão no front de batalha. “O coração fica apertado quando vejo as imagens na TV. Mas o que posso fazer é apenas rezar para que Deus ilumine as mentes, dos dois lados”, afirmou o católico Hikmat. “Minha família era da minoria católica. Sempre fui católico, desde que nasci. Minha passagem por Roma não influenciou na escolha, já vim do Iraque sendo católico”, contou. Ele disse que é muito difícil julgar o regime de Saddam Hussein, todavia afirmou que não são países como os Estados Unidos ou a Inglaterra que podem fazer isso, e sim o povo iraquiano. Para ele, o petróleo é o segundo maior motivo da guerra. “O primeiro é fortalecer a economia interna reforçando os gastos do setor bélico, já que este é o carro chefe da economia americana”, opinou.

Explica mas não justifica

Daniel Lottis tem 41 anos, nasceu em Dekalb, redondeza de Chicago e entre idas e vindas já tem vínculo com o Brasil desde 1964. Ele é professor de Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Para ele a guerra no Iraque, assim como todas as outras, é uma tragédia lamentável. Daniel acha que a explicação para o conflito não é simples e que a causa dos ataques não é só o petróleo.

Daniel contou que o povo americano é por natureza preparado para tomar ações emergenciais e de precaução. Com os atentados de 11 de setembro esta situação aumentou ainda mais. “Alguns americanos dizem que Saddam teve doze anos para se desarmar e não o fez. Falam que ele teve sua chance e não aproveitou. Os atentados no World Trade Center e no Pentágono fizeram com que o povo americano tivesse ainda mais preocupações. Talvez isso ajude a compreender, mas nunca justificar a guerra”, explicou, lamentando o fato de muito dinheiro estar sendo gasto coma guerra. “Sou educador e gostaria muito que este dinheiro tivesse sendo gasto com a educação, não com guerra”, contou.

Daniel não tem parentes no front, mas conhece pessoas que servem ao exército norte-americano.

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