Interdição dos rios Nhundiaquara e São João é ignorada

Mesmo com a água imprópria para banho, os turistas aproveitaram os dias de feriado para se refrescar nos rios Nhundiaquara e São João. Eles estão interditados há cerca de 20 dias por causa do acidente na Serra do Mar com um trem da América Latina Logística (ALL) carregado com soja, farelo de milho e açúcar. Segundo o presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Rasca Rodrigues, a ordem para a colocação de placas de aviso de proibição foi dada há vários dias. Se constatar que ela não foi cumprida, vai punir os responsáveis.

De sábado até ontem, os turistas aproveitaram o calor intenso para se refrescar e praticar bóia-cross nos dois rios, entre eles muitas crianças. Mas a última análise da água, feita na quinta-feira da semana passada, mostrou que ela ainda continua imprópria para a pesca e atividades desportivas. Além disso, está proibida também a coleta de organismos aquáticos, abastecimento doméstico, irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e atividades de aqüicultura.

O presidente do IAP conta que precisou reforçar a ordem para a sinalização dada há alguns dias, ao verificar que ela ainda não havia sido cumprida. “Acredito que depois disso o local foi sinalizado. Mas nós não podemos proibir as pessoas de entrar na água. Avisamos sobre o problema e elas fazem a sua opção”, observa. Rasca destaca que, se for verificado que o IAP falhou na sinalização, os responsáveis serão punidos. Ele afirma que ainda não sabe quando os rios serão liberados, mas lembrou que todos os dias são colhidas amostras de água para análise.

O acidente ocorreu em meados de julho, quando um trem com 35 vagões descarrilou na Ponte do Rio São, e a carga atingiu os dois rios. De acordo com as análises, a fermentação dos compostos orgânicos gerou impacto expressivo sobre a qualidade da água, provocando o desequilíbrio do meio aquático. Foi observada a proliferação de colônias de bactéria Sphaertilus natans e de vermes hirudíneos (sanguessuga), que habitam o leito dos rios. Quem se banha ou ingere a água corre o risco de desenvolver, por exemplo, algum tipo de inflamação no ouvido ou garganta. “A proibição é para evitar esses tipos de problemas”, explica Rasca.

No último domingo representantes de ONGs chegaram a promover uma manifestação em Morretes para informar a população e os turistas sobre a interdição. A integrante do Instituto de Ecoturismo do Paraná, Daniela Meres Silva, reclama que até aquela data não havia nenhuma indicação de proibição.

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