Índios do Paraná querem trocar oca por boas casas

Os índios Caigangues e Guarani, que vivem na região do Oeste do Paraná, estão indignados com a direção da Itaipu Binacional. Segundo eles, a hidrelétrica quer anular o projeto de construção de casas indígenas desenvolvido pela Cohapar em parceria com as comunidades e manter as tradicionais ocas, de madeira e chão batido, visando à exploração turística.

Para Nelson Karai Ribeiro, presidente do Instituto Emboerê Guarani, os índios têm direito assim como qualquer outro cidadão de melhorar de vida e escolher sua própria moradia. “Viver em uma casa com mais estrutura não significa perder a cultura. Hoje, não é possível manter determinadas tradições realizadas na antigüidade, se a realidade é outra”, diz ele, ressaltando que manter a cultura indígena é preservar sua língua, tradição e costumes, mas principalmente a sua vontade.

De acordo com a assessoria de imprensa da Itaipu Binacional, a empresa não quer interferir na vida dos índios, mas ajudar. Por essa razão, amanhã, será realizada uma reunião com a comunidade indígena, o presidente da Cohapar, Luiz Cláudio Romanelli, e o presidente da Itaipu, Jorge Samek, para definir em qual moradia os índios gostariam de viver e iniciar o processo de construção. Já com relação ao turismo dentro das tribos, a assessoria informou que existe um projeto para expandir a visitação em toda a região ao redor da Itaipu Binacional. Dentro das aldeias, porém, somente acontecerão se os índios permitirem.

Projeto

Segundo Edívio Battistelli, assessor especial para assuntos indígenas do governo do Paraná, hoje, a maioria dos índios vive como favelados rurais. O déficit habitacional chega a 1,3 mil casas. Para ajudar a diminuir esse número, em parceria com a comunidade indígena, a Cohapar está desenvolvendo desde o ano passado o programa Casa da Família Indígena. O projeto consiste em construção de casas de alvenaria nos moldes diferenciadas para cada etnia, sem perder o formato cultural da moradia. Ano passado, foram entregues 258 casas, em nove aldeias. Neste ano, o número deve subir para 347.

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