Índios deixam acampamento no Tatuquara

Cerca de cem índios caingangues deixaram ontem a área nas margens de uma rua paralela à BR-116, no bairro Tatuquara, em Curitiba, onde estavam acampados desde quarta-feira. Eles haviam saído de uma área no Camboí, próximo a São José dos Pinhais, e foram para um terreno de cerca de 55 mil metros quadrados, que pertence à Companhia de Habitação (Cohab) e que, segundo os índios, a Prefeitura iria repassar a eles no próximo dia 28. No entanto, eles foram retirados da área pela Guarda Municipal, que ontem cercou o local. No final da tarde de ontem, os índios entraram em acordo com a Prefeitura e voltaram para o Camboí.  

Melissa Cunha, da Cohab.

De acordo com o vice-cacique Alcino de Almeida, os índios estão no Camboí há cerca de quatro anos, oriundos de diversas reservas do Estado. Eles resolveram sair do local pela falta de segurança, pois estariam em uma área de invasão e sofrem com constantes ameaças de um morador da região, que vive sob o efeito de drogas e armado. ?Ninguém pode sair e deixar a mulher sozinha em casa. Teve até uma vez que ele jogou fogo dentro de uma casa com várias pessoas dentro?, contou. Esse tipo de situação teria sido denunciada para as Polícias Militar, Civil e Federal, mas nenhuma providência foi tomada.

Aliado a isso, Alcino de Almeida afirma que as crianças não conseguem vagas nas escolas da região. Alguns estão há quatro anos sem estudar. A área no Tatuquara teria sido oferecida pela Cohab aos índios, e agora Almeida questiona a posição do órgão. ?Eles mostraram que a área era nossa, e agora não é mais. Não confiamos mais em palavras?, disse. Ele também afirmou que tinha conseguido vagas em duas escolas próximas ao novo terreno e que só deixariam o local se tiverem a garantia de segurança. Reivindicação que foi atendida, com o deslocamento de policiais para o Camboí, para reforçar a segurança das famílias indígenas.

Cerca de cem indígenas estavam acampados na região.

A articuladora da Cohab na regional Pinheirinho, Melissa Cunha, afirmou ontem que os índios atropelaram a negociação, pois a estimativa era que o processo para a transferência da área a eles acontecesse até o dia 28. Para conseguir que os indíos voltassem ao Camboí, a Prefeitura pediu que a Guarda Municipal e a Polícia Militar fiquem na região e agendou uma reunião para a próxima segunda-feira com o grupo. ?Nós vamos negociar agora a nossa ida definitiva para o terreno no Tatuquara. Foi bom a gente ter ido para lá porque agilizou o processo?, afirmou o vice-cacique. Apesar de não ser atribuição da Prefeitura, eles estariam articulando parcerias com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o governo do Estado para a infra-estrutura do local.

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