Incidência de raios deve crescer em 2008

Este ano 22 pessoas morreram atingidas por raios em todo o País. O número assusta porque em todo o ano de 2007 foram registrados 46 ocorrências. Uma das últimas mortes foi de um garoto de 8 anos em Guaratuba, litoral do Paraná, na semana passada. O coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Osmar Pinto Júnior, diz que este aumento de proporção se deve ao fenômeno climático conhecido como La Niña.

A previsão de aumento de raios já havia sido divulgada no início do ano e agora os dados estão se confirmando. O monitoramento feito pelo ELAT começou em 1999 e o primeiro La Ninã depois deste período ocorreu em 2001. Naquele ano, chegou a 73 o número de mortes por raio. A expectativa é que agora em 2008 a situação se repita. A região Sudeste é a mais afetada.

No entanto, Osmar diz que o números de pessoas que morrem vítimas de raio pode ser bem maior. Em alguns casos, o raio não atinge diretamente a vítima, mas causa paradas cardíaca e respiratória. Se não houver qualquer testemunha, não se descobre que foi uma descarga elétrica a responsável pelo óbito. ?Esses números são apenas de casos que temos certeza?, completa.

O La Niña é o resfriamento das águas do Pacífico na altura do Equador. O fenômeno altera a circulação de ar e favorece as tempestades. Segundo Osmar, o aquecimento global ainda não está interferindo no problema. Isso só deverá acontecer nos próximos anos.

O Paraná é um dos estados que figura na lista dos campeões em raios. Em 2007, junto com o estado do Mato Grosso do Sul, ficou em segundo lugar no número de vítimas. A região mais afetada é a oeste. Lá ocorrem tempestades fortes e rápidas que trazem muitos prejuízos às redes elétrica e telefônica e também para moradores. O INPE já instalou na região dois sensores e até meados deste ano serão colocados outros dois.

O instituto já faz o monitoramento das descargas que atingem o solo e agora começará a monitorar as descargas elétricas dentro das nuvens. Com isso, será possível prever a intensidade da tempestade e alertar as autoridades para que tomem medidas que amenizem os prejuízos ou para que estabeleçam os serviços essenciais o mais rápido possível, além de alertar a Defesa Civil. Além disso, o INPE terá condições de analisar o fenômeno, ver se as tempestades estão ficando mais intensas e se estão aumentando a freqüência e a direção.

Osmar diz ainda que vem se verificando aumento no número de descargas elétricas em Curitiba. Os registros mostram uma incidência maior do que em Porto Alegre. A atividade urbana é apontada como a grande responsável. O número de prédios, asfalto, poluição são fatores que colaboram para o problema.

Voltar ao topo