IML de Curitiba está sob intervenção

O Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba, que atende a capital e 31 municípios da região metropolitana, está sob intervenção. Na última segunda-feira, o ex-comandante reformado do Corpo de Bombeiros, coronel Almir Porcides Júnior, assumiu o órgão, e a primeira medida tomada foi dificultar o acesso ao número de mortes violentas. O livro, que ficava disponível para a imprensa no plantão do IML, foi confiscado. Em meio à decisão tomada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), o então diretor do IML, Hélio Boneto, pediu demissão.

Segundo a Sesp, a intervenção foi feita para solucionar problemas estruturais históricos.

Quatro tenentes, sendo três do Corpo de Bombeiros e um da Polícia Militar, compõem a equipe que acompanha o coronel na intervenção que acontece por tempo indeterminado. Segundo o tenente Mário Sérgio Garcês, a medida foi tomada para ajudar a solucionar problemas administrativos. Prevê aumento no quadro de funcionários, melhoria na infra-estrutura e no atendimento a familiares de vítimas, e reformas ou compras de novos camburões.

Quanto à medida de confiscar o livro com informações sobre as mortes violentas, o tenente afirma que foi a primeira solução encontrada para não haver mais contradição nas estatísticas. ?Em princípio iremos concentrar os dados na assessoria de imprensa da Sesp, que os passará à imprensa. Pois hoje, cada órgão fala uma coisa. Não iremos maquiar a realidade?, garante o tenente.

Diretor

O ex-diretor do IML, Hélio Boneto, afirma que desde o início de sua gestão, em 2003, fez o possível para melhorar o órgão. Ele afirma que enviou inúmeros ofícios à Sesp solicitando porteiro, motorista, camburões, funcionários, entre outras benfeitorias, e que nunca foi atendido. ?Fiz o que estava ao meu alcance, mas nunca me ouviram. Depois que a imprensa começou a falar que o IML estava cheio de problemas, me escolheram como ?boi de piranha? para justificar essa intervenção. Não agüentei e pedi demissão?, disse Boneto.

O ex-diretor, que é médico-legista, continua exercendo a função de médico no IML, onde pretende ficar até o próximo ano, quando se aposentará.

Ontem, o interventor foi procurado pela reportagem, mas não quis dar entrevista. Ele deve se pronunciar na próxima semana. A única informação passada foi por meio de uma nota, enviada pela Sesp.

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