Grito dos Excluídos lembra indígenas

Na contramão das comemorações oficiais, ativistas de movimentos sociais participaram ontem da 13.ª edição do Grito dos Excluídos, no Parque Metropolitano de São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. Misto de celebração e protesto, a caminhada congrega todos os anos manifestantes de associações sociais e das pastorais para uma mobilização pela causa social. Neste 7 de setembro, os manifestantes contaram com a participação de índios de uma comunidade próxima ao parque e visitaram uma vila de carrinheiros. A mobilização serviu também para recolher assinaturas em prol da reestatização da Vale do Rio Doce.

A peculiaridade deste ano foi o local escolhido para a caminhada. Geralmente realizada no Centro de Curitiba, ao lado das comemorações oficiais, a manifestação desta vez buscou a periferia. ?O ideal é estarmos onde estão os excluídos, que não podem participar dos desfiles?, explicou a secretária da Assembléia Popular, Maria Izabel Machado.

Para a ativista, o Brasil ainda está longe de ter uma data de independência para comemorar. ?Não somos um País independente porque não temos soberania sobre nossas decisões políticas e econômicas. Estamos completamente vinculados ao neoliberalismo e à lógica do mercado, gerando uma grande massa de excluídos sem condições dignas de sobrevivência?, protestou.

Excluídos

Um dos focos da caminhada, a comunidade indígena Kakanõ Pãran, que vive nos entornos do Parque Metropolitano, foi participar da manifestação vestida para a guerra. O vice-cacique Alcino de Almeida disse que o objetivo era mostrar que, para esses povos, o sofrimento da época colonial continua existindo. ?Os índios ainda vivem em cárcere privado, o massacre continua desde 1500. A diferença é que hoje nossa luta não é mais contra armas, mas contra o poder da caneta dos governantes?, afirmou.

Os índios queriam protestar contra a transferência da aldeia para um outro terreno (nas proximidades do aterro da Caximba) e a falta de atenção do governo aos seus direitos. ?Vivemos do artesanato e vamos ter de começar tudo de novo. Aqui, a aldeia pode ser visitada, nosso trabalho já é conhecido?, criticou.

Depois de visitar a aldeia, os participantes percorreram ainda a Vila Icaraí, em São José dos Pinhais, onde praticamente toda a população é formada por catadores de papel. ?Eles vivem em situação precária, sem projetos de inclusão e trabalhando exclusivamente para a sobrevivência. Nosso objetivo é mostrar que eles existem e querem participar das decisões?, finalizou Maria Izabel.

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