Governo avaliará as seis universidades

Nem começou o ano letivo e as universidades estaduais do Paraná já têm um grande problema pela frente: driblar a falta de professores. O governo confirmou ontem a suspensão da contratação de 1.314 professores-colaboradores, que trabalhariam em regime temporário. Segundo o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Aldair Rizzi, a suspensão faz parte de um plano maior, que é o de realizar uma análise interna das seis universidades estaduais. A contratação dos 1,3 mil professores provocaria impacto orçamentário de quase R$ 10 milhões.

“Estamos dispostos a fazer um levantamento do número de professores que estão de fato em sala de aula, os resultados dos projetos (pesquisas) realizados pelos professores que recebem por dedicação exclusiva (Tide)”, afirmou o secretário. Segundo ele, equipes da Seti estarão percorrendo as universidades estaduais entre março e abril, fazendo o levantamento. “Se for constatado que há professores de pesquisa que não produzem artigos, serão tomadas providências, podendo chegar até à demissão”, disse o secretário.

Rizzi reconheceu que poderá haver atraso do ano letivo em alguns cursos, mas afirmou que “no futuro haverá um benefício muito grande a todos.” “É preferível que aconteça isso (atraso) neste momento do que mais tarde”, falou. Segundo ele, a estimativa é que quase metade das vagas pleiteadas não é necessária.

Com a suspensão da contratação de professores, as universidades terão que se readequar. “Muitas universidades expandiram cursos, campus de extensão, mas não foram feitos estudos sobre a questão orçamentária, nem de Recursos Humanos”, alegou. “Agora, elas terão que usar maior potencial interno, rever carga horária, rever casos de liberação de professores para outros cargos do governo. Enfim, elas deverão fazer uma boa análise interna”, comentou.

As seis universidades estaduais – UEL, UEM, UEPG, Unicentro, Unespar e Unioeste – contam com cerca de 71 mil alunos de graduação e 13 mil de pós-graduação. Há 5.421 professores efetivos. O orçamento previsto para este ano é de R$ 450 milhões.

Reunião de reitores na capital

Na próxima quinta-feira, os reitores das universidades estaduais estarão em Curitiba, reunidos com o secretário Aldair Rizzi. Eles devem pedir que o governo reveja a medida e libere a contratação dos professores temporários. “Estamos fazendo um relatório para mostrar ao governo todas as ações administrativas e o nosso compromisso com o dinheiro público”, afirmou a reitora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Lygia Pupatto. Segundo ela, a universidade já reduziu em 24% o número inicial de vagas para professores. “No ano passado, tivemos 252 desligamentos, por aposentadoria, exoneração e remoção. Readequamos vários professores e pedimos 190 vagas”, contou. As aulas na UEL iniciam dia 22 de março.

Na Universidade Estadual de Maringá (UEM), a pró-reitora de Ensino, Sônia Aparecida Benites, informou que o número de vagas solicitado foi 154 e não 333, conforme alega o governo. “E solicitamos concurso para professores efetivos. Foi o governo quem ofereceu as vagas para temporários e agora mudou de idéia”, disse. Segundo ela, o governo não vem cumprindo a lei assinada em dezembro passado, garantindo o preenchimento de vagas para professores no ensino superior do Estado. As aulas na UEM só começam no dia 26 de abril.

Na Unicentro, o reitor, Vitor Hugo Zanette, informou que o início do ano letivo (1.º de março) está mantido. “Iremos fazer um levantamento do impacto da suspensão, apontar quais cursos devem ser mais prejudicados”, disse. Segundo ele, a medida do governo foi uma surpresa. “O governo autorizou o concurso no final do ano passado. A universidade toda se organizou neste sentido e fomos surpreendidos pela negativa do governo”, lamentou. A Unicentro solicitou 155 docentes.

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