O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo da Câmara dos Deputados será apresentado nesta semana, em duas partes. A primeira, hoje, às 11h, e a outra em audiência pública amanhã, às 12h. A votação do relatório final, elaborado pelo relator Marco Maia (PT-RS), deve ser feita às 9h de quinta-feira.
Ontem, a CPI realizou audiência pública com os familiares e amigos das vítimas dos acidentes da Gol e da TAM. Amanhã, antes da segunda apresentação do relatório, uma outra audiência vai apresentar os resultados do trabalho do especialista em análise de caixa-preta coronel Antônio Junqueira, contratado pela CPI para examinar os dados do avião da TAM.
Na audiência pública de ontem, os familiares das vítimas do acidente com o vôo 1907, da Gol, que completa um ano no próximo dia 29, pediram que seja liberada a transmissão da caixa-preta, dizendo que jornalistas, advogados dos pilotos e parlamentares já tiveram acesso às informações. Em relação à Gol, os familiares dos 154 mortos reclamaram da falta de auxílio da companhia aérea, que não cedeu passagens para que pudessem se reunir com as autoridades e acompanhar as investigações. Outro pedido foi em relação à assistência psicológica oferecida pela Gol, que se encerra no dia 29. Os familiares reivindicam a extensão da assistência até o fim do caso. Além da cobrança por respostas, as famílias pedem ao governo que possa ser feita uma homenagem às vítimas dia 29, no local do acidente, em Mato Grosso.
Quase um ano após a tragédia, a paranaense Rosane Gutjhar, que perdeu seu marido, Rolf Gutjhar, diz que o sentimento é o mesmo desde o dia do acidente. ?Me sinto revoltada, com saudade, com dor. Minha saudade aumenta na mesma proporção que minha raiva?, desabafou.
Rosane exige respostas da CPI. ?Espero que o relatório contemple a verdade, que é de que a culpa foi dos pilotos. Eles não respeitaram o plano de vôo, desligaram o transponder e não conheciam integralmente a operacionalidade da aeronave, o que é comprovado pela transcrição dos diálogos.? Familiares do acidente com o vôo 3054 da TAM, ocorrido em 17 de julho, e que vitimou 199 pessoas, também foram ouvidos ontem. Parentes de vítimas do maior acidente aéreo da história da aviação civil no país esperam que as conclusões da CPI agilizem punições aos responsáveis. ?Eu não tenho dúvida de que tem que ajudar, porque, se nós estamos num país que se presume ser sério, uma CPI tem que ter resultados. A gente não pode imaginar que todas as CPIs terminem em pizza – isso é algo que foge da nossa imaginação, porque houve uma convulsão emocional de toda a população brasileira, que assistiu ao vivo a cremação de tantas vidas, e isso não pode passar impune?, cobrou o advogado Luiz Salcedo, que perdeu um filho no acidente.
Para Salcedo, o acidente com o Airbus deve ser um divisor de águas no sistema de aviação civil brasileiro. ?Ninguém abre mão de que essa catástrofe aérea não seja um marco para que nunca mais nada semelhante aconteça pelas razões que levaram a esse acidente?, disse.