Famílias pedem reforma urbana

As famílias que ocuparam o prédio do antigo Banestado, no centro de Curitiba, promoveram ontem um ato público para chamar a atenção da população sobre a reforma urbana. As famílias estão há duas semanas no local, e como o prédio está subjudice ? devido à venda do banco para o Itaú ?, não existe previsão para retirar as pessoas do prédio.

A principal reclamação dos sem-teto é que muitas pessoas vieram para Curitiba com a ilusão de morar em uma capital voltada para o social, onde teriam chances de se desenvolver. Eles reclamam ainda que a maioria dos loteamentos oferecidos pela Prefeitura fica em outras cidades da Região Metropolitana.

O coordenador no Paraná do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), responsável pelas ações dos sem-teto, Anselmo Schwertner, afirma que as famílias ficarão no prédio até que a Prefeitura resolva implantar um programa de reforma urbana, que contemple as famílias. Ele não confirmou novas ocupações para os próximos dias, porém acha muito oportuna a não – desocupação do prédio do Itaú, em função das pendências judiciais. “Temos um espaço central para chamar a atenção”, disse.

O prédio do Itaú, segundo Anselmo Schwertner, poderia ser o primeiro projeto de reforma urbana defendida pelo movimento. A intenção seria alojar quarenta famílias no local, e ainda criar um centro para formação. Schwertner disse que os responsáveis pelo prédio não ameaçaram retirá-los do imóvel, apenas pediram para não provocar danos materiais. O coordenador confirmou que alguns pessoas tentaram levar documentos que estão guardados no prédio, porém afirma que só vão entregar para integrantes da CPI que investiga irregularidades no Banestado.

US$ 60 mil

As famílias que ocuparam o prédio afirmam que estão sobrevivendo com doações de comida. Como não existe água no prédio, muitos se revezam para permanecer no local. O coordenador do Movimento Nacional de Luta pela Moradia confirmou que a entidade recebe ajuda financeira de organizações não-governamentais internacionais para organizar o movimento no Brasil.

Por ano são repassados à entidade US$ 60 mil. “É o único orçamento que temos para usar”, disse o coordenador, afirmando que o recurso escasso é utilizado para cobrir gastos dos integrantes do movimento, como contas de telefone, fotocópias, passagens e hospedagens. Ele garantiu que nenhum centavo desse dinheiro é desviado, e uma auditoria internacional verifica a aplicação dos recursos.

Índios tentam vender artesanato

Enquanto os sem-teto faziam a manifestação na Rua Marechal Deodoro, a índia Levina Matias, de 24 anos – com a filha Silmara, 2 ?, tentava vender artesanato, a alguns metros do local. Ela veio para Curitiba com um grupo de índios caingangues, moradores da aldeia Rio das Cobras, em Laranjeiras do Sul.

Os índios vieram há uma semana e estão pernoitando na Rodoferroviária, enquanto tentam vender algumas peças no centro da cidade, durante o dia. Levina conta que precisa juntar R$ 41,00 para pagar a passagem de volta para a aldeia, mas, com a venda do artesanato, está difícil conseguir o dinheiro.

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