Famílias indígenas vão receber novas habitações

A Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) anunciou ontem o início imediato da construção de 258 unidades do programa Casa da Família Indígena. As casas destinam-se a índios das etnias caingangue (171 unidades) e guarani (87). O anúncio foi feito durante a entrega das duas unidades-piloto construídas na Terra Indígena de Mangueirinha (Sudoeste do Estado).

O Casa da Família Indígena é o maior projeto de habitação indígena em andamento no País e o primeiro na história do Paraná. Os projetos das casas foram elaborados em parceria com lideranças das comunidades e indigenistas, levando em conta a cultura de cada etnia. Ao todo, o programa construirá 1.300 moradias, zerando o déficit habitacional nas terras indígenas do Estado. Além das 258 anunciadas nesta quinta, a Cohapar prepara a construção de outras 650 casas em 2004.

Os moradores das duas primeiras unidades do Casa da Família Indígena são Milton Alves, de 31 anos, casado e pai de quatro filhos, índio caingangue morador da Aldeia Campina, em Mangueirinha, e o cacique guarani Rivelino Gabriel de Castro, 33, casado, pai de três filhos, que vive na Aldeia de Palmeirinha do Iguaçu, em Chopinzinho. Eles receberam as chaves ontem.

As moradias do Casa da Família Indígena têm 52 m2 de área construída, dois quartos, forro, cobertura em telha cerâmica e instalação elétrica completa. A Funasa, parceira da Cohapar no programa, instalou água encanada e sistema de esgoto sanitário.

O investimento médio por unidade é de R$ 10 mil, oriundos dos tesouros do Estado e da União, a fundo perdido. A seleção das famílias a serem beneficiadas pelo programa está a cargo do Conselho Indígena do Estado do Paraná. A situação da habitação atual, o número de filhos, o tempo de moradia da família na comunidade e o fato de ter nascido na aldeia são os critérios usados na seleção.

O presidente nacional dos Conselhos Indígenas, Pedro Cornélio Seg-Seg, lembrou que a qualidade da habitação indígena é um problema nacional. “É a primeira vez em anos que o governo se lembra de atender essa questão”, comentou.

Qualidade de vida

O morador da primeira Casa da Família Indígena caingangue de Mangueirinha disse que estava emocionado ao receber as chaves da nova moradia. “Era o que eu mais queria na vida”, disse. Milton Alves vivia numa casa de madeira com 30 anos de idade. Ele é casado com Eloí Aparecida Cretã, professora da escola indígena local, e trabalha no projeto de patrulha ambiental da Terra Indígena de Mangueirinha, a mais antiga do Brasil, onde está a maior reserva de araucária nativa do mundo.

O cacique Rivelino Gabriel de Castro, beneficiado com a primeira Casa da Família Indígena guarani de Chopinzinho, vive da agricultura e morava numa habitação precária construída em madeira. “Tenho agora uma casa com boa estrutura e que respeita a cultura de meu povo. Minha família terá a partir de hoje uma qualidade de vida melhor”, disse.

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