Falta transporte a alunos deficientes

Desde que começaram as aulas, em fevereiro, cerca de cem crianças com necessidades especiais estão com dificuldade para chegar até à escola. Elas esperam na fila até que surja uma vaga no sistema de transporte que atende estes alunos. Com isto, alguns deles acabam perdendo aulas por não ter quem os leve e muitas mães faltam ao trabalho e acabam até perdendo o emprego porque precisam levá-los para a escola.

Segundo o gerente de Operações do Transporte Coletivo da Urbanização de Curitiba S.A. (Urbs) ? empresa que gerencia o transporte coletivo em Curitiba ?, Luiz Filla, em dia 30 dias a situação deve estar resolvida. A demora ocorreu devido a uma série de estudos que precisam ser feitos para readequar o sistema.
Desde o início do ano letivo, a vida de Luzia Theodoro da Silva ficou complicada. Ela mora na Cidade Industrial (zona oeste) e sua filha de 11 anos estuda em uma escola da Prefeitura no bairro do Boqueirão (zona sul). Sai de casa às 5h50 e pega três ônibus para poder chegar às 7h30 no portão da unidade. O trajeto a ser percorrido dura 1h40. ?Não tenho como trabalhar, não tenho quem leve e busque a minha filha?, comenta.
Silvana Regina Lopes mora no bairro do Cajuru (zona leste) e também leva a filha de 5 anos até o Boqueirão. Ela e mais quatro mães passam todas as manhãs na escola esperando a hora de terminar as aulas para levar os filhos de volta. ?Quando a gente vai embora sozinha precisa pagar a passagem, que só é gratuita quando estamos com os filhos. Além disto, é tão longe que nem bem a gente chega em casa já tem que voltar para buscá-los?, explica. Ela ainda precisa pagar R$ 50,00 para alguém cuidar de outra filha menor que fica em casa.

Mães desempregadas

Marlene Major Ribeiro Pinto, mãe de 6 filhos, acabou perdendo o emprego por ter que ficar todas as manhãs esperando a filha de 2 anos. ?A gente está optando pela educação da criança. Só que no fim das contas elas perdem do mesmo jeito porque falta dinheiro em casa?, comenta.

Rosângela Maria Costa que, sustenta sozinha a casa, também foi demitida. ?Não sei como pagar água, luz e fazer compras para a casa?, diz.

Mas está situação não acontece só nas duas escolas municipais: ela se repete nos 35 estabelecimentos particulares que são atendidos pelo sistema. Só na escola Associação Paranaense de Reabilitação há vinte crianças na fila de espera. ?Eles estão freqüentando com muita dificuldade?, diz a diretora Leda Lúcia Steffen. Ela lembra ainda que muitos alunos são grandes e as mães precisam levá-los no colo, ou ainda andam de cadeira de rodas. De manhã, com os ônibus lotados a ida à escola é um verdadeiro calvário. ?Também não há espaço para as mães ficarem esperando?, argumenta. Outro problema do sistema é que algumas crianças chegam a ficar mais de uma hora e meia andando de ônibus até chegar a escola. A situação mais crítica é na zona sul da cidade.

A Urbs é quem fornece os ônibus para prestar este atendimento, mas quem gerencia o Sistema Integrado de Transporte Especial é uma empresa terceirizada. No total, são atendidos 1842 alunos em dois tipos de sistemas. Um deles é a linha direta escola?bairro que deve ser mais rápida, mas alguns trajetos duram cerca de 1 hora e outra é a casa?terminal?escola.

Solução

Filla explica que a demora ocorre porque precisam ser realizados vários estudos para readequar o sistema aos novos alunos e aos que mudaram de endereço. Para abrir novas vagas, também está havendo um recadastramento e os alunos que têm a carteirinha de transporte e tem condições de andar sozinhos devem ceder o lugar para quem realmente não pode usar o transporte comum. ?Precisamos racionalizar este transporte que é gratuito?, comenta Filla. Além disto, ele diz que em alguns casos não é possível reduzir o tempo de percurso já que a criança mora muito longe da escola, o ideal seria a transferencia para uma unidade mais próxima, caso houvesse.

O vereador Adenival Alves Gomes (PT) critica a situação e diz que o orçamento previsto para 2002 para a Educação Especial era de R$ 3,04 milhões. Mas foram aplicados R$ 1,7 milhão. ?O que sobrou não poderia ter sido investido em mais ônibus??, questiona. Mas segundo o superintendente técnico da Secretaria de Educação, Jacir Bombonato Machado, os recursos que entraram para a educação foram gastos na manutenção e desenvolvimento e ensino, sendo aplicados de acordo com a LDB Lei de Diretrizes e bases da Educação.

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