Falta de transporte impede tratamento

Cinco meses. Esse é o tempo que o adolescente Bruno Silva de Ramos, paraplégico por causa de um tiro que levou em 2005, está sem fazer fisioterapia por falta de transporte. Assim como Bruno, pelo menos 20 pessoas de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), tiveram que deixar o tratamento que faziam com fisioterapeutas em Curitiba depois que o ônibus da Prefeitura que os levava estragou.

?O ônibus que levava as pessoas para a fisioterapia era específico para cadeirantes. Em outubro ele estragou e desde fevereiro, quando a Associação dos Deficientes Físicos do Paraná (ADFP) voltou com os tratamentos, estou atrás da Prefeitura para conseguir o transporte?, contou a mãe de Bruno, Rosemeri Borges Silva de Ramos. ?Eu gosto de lá. E é bom porque eu saio de casa?, contou o adolescente.

Segundo Rosemeri, este mês os profissionais do posto de saúde onde Bruno é atendido já conseguiram a vaga na ADFP de volta, mas agora falta o transporte. A enfermeira que está cuidando do tratamento do adolescente, Cátia Kirschnik, ressalta que é importante para Bruno voltar para a fisioterapia ?porque ele é muito novo e isso é fundamental para ajudar na reinserção social?. ?A Prefeitura nos informou que já comprou ambulâncias novas. Em um mês elas devem estar rodando?, afirmou.

Adaptado

O cadeirante Maicon Fontanella, 22 anos, ficou três meses sem fazer fisioterapia por causa do ônibus estragado. Há pouco mais de um mês ele voltou às sessões porque a empresa que faz o transporte público entre Pinhais e Curitiba colocou alguns ônibus adaptados na linha. No entanto, Fontanella reclama da irregularidade com que passam e da falta de preparo dos motoristas e cobradores com os portadores de necessidades especiais. ?O descaso com as pessoas que precisam usar estes ônibus é absurdo?, reclamou.

Por isso Fontanella afirmou que pretende reunir-se com outros portadores de necessidades especiais e fazer um protesto em frente à Urbanização de Curitiba (Urbs) em breve, órgão responsável pelo transporte público de Curitiba e da região metropolitana. Mas, apesar de reivindicações de melhora, o cadeirante torce para a volta do ônibus da Prefeitura, pois as calçadas até o ponto do ônibus convencional são mais um obstáculo.

Problema está sendo solucionado

Representantes da Prefeitura de Pinhais explicaram que de fato o ônibus estragou, mas que o problema já está sendo solucionado. O coordenador de gabinete da Prefeitura, Emílio Aquim Filho, afirmou, por e-mail, que, entre outros itens, o elevador do microônibus usado para transportar os cadeirantes quebrou e, como é uma peça cara, o concerto é mais demorado.

Aquim Filho disse ainda que, ?de qualquer forma, os serviços em questão estão sendo realizados com veículo Kombi, o qual não dispõe dos equipamentos próprios ao transporte de cadeirantes, até que o microônibus esteja em condições de operação ou que reste frutífero procedimento licitacional, em tramitação, voltado à aquisição de novo veículo para esse transporte?.

A gerente do atendimento da rede básica de saúde de Pinhais, Viviane Renoud, contou que a Prefeitura está atualmente com três ambulâncias em funcionamento e mais três devem começar a rodar na próxima semana. ?A demora no concerto do ônibus é porque saiu caro e não tinha mais saldo na licitação para arrumá-lo?, reforçou. Logo após a entrevista, a ouvidoria da secretaria de Saúde informou que a despensa da licitação foi autorizada e que o ônibus deve ficar pronto em breve.

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