Falta de escoamento gera impasse em invasão

Moradores da Vila Fuck, em Piraquara, estão indignados com a situação em que ficam seus quintais quando chuvas fortes e contínuas caem na área. ?Ilhados? entre a rua Leocádia Cordeiro do Siqueira e os trilhos da Rede Ferroviária (operados pela empresa América Latina Logística/ALL), eles ocupam terrenos irregulares e não têm como providenciar obras para o escoamento da água sem a autorização da companhia. A Prefeitura está disposta a fornecer material e mão-de-obra para resolver o problema, mas a ALL informa que, por tratar-se de área de invasão, não pode autorizar intervenções.

O pedreiro Reinaldo Maciel é um dos que sofrem com a situação. Na casa dele – que fica dentro da área sob responsabilidade da empresa, que é de vinte metros para cada lado dos trilhos – o alagado deixado pela chuva demora semanas a desaparecer, já que a água não tem para onde sair. ?Se fosse só água, tudo bem. Mas o problema é que tem esgoto junto?, reclama. O mau cheiro do empoçado já fez com que a esposa, grávida, passasse mal. ?Além disso, acaba com tudo o que a gente tem no quintal. Estou perdendo toda a madeira que ganhei. Por causa da água, não tem onde colocar?. Três dias de chuva são suficientes para que a água suba quase um metro e chegue à porta dos fundos da casa.

A vizinha Tereza dos Santos Lima passa pela mesma situação. ?A gente não tem nem como sair de casa. Vai umas duas semanas até essa água baixar?, diz. Se as últimas chuvas durassem mais um dia, a casa não seria poupada. ?Pior ainda porque tenho crianças. Nem deixo irem para a parte de baixo do terreno, tenho medo que peguem doenças.? Já a dona de casa Kely Martins, que também mora nas proximidades, se incomoda com outro mal trazido pela água parada: ?Tem muito mosquito?.

O diretor de obras da Prefeitura de Piraquara, Valdevino Alves de Lima, afirma que tem intenção de resolver a situação construindo uma galeria por baixo do trilho do trem para escoar a água que empoça nos terrenos. ?Temos maquinário e os tubos, prontos para serem colocados?, afirma. No entanto, qualquer intervenção depende da autorização da ALL. Caso contrário, moradores e Prefeitura podem ser multados.

A ALL informa que, por tratar-se de área de invasão, não tem possibilidade de atuar no caso, o que significaria ser conivente com a irregularidade. A empresa alega que os problemas vividos nas áreas irregulares são anteriores aos contratos de administração da Rede, estabelecidos em 1997 – e, portanto, qualquer ação dependeria primeiramente da remoção das famílias por parte da Prefeitura. No entanto, não descarta possibilidade de acordo junto aos órgãos governamentais. A Prefeitura diz que as famílias não serão removidas enquanto não houver local adequado para acomodá-las.

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