O referendo sobre o comércio de armas no Brasil foi o assunto, ontem, em rodinhas de discussão na Boca Maldita, centro de Curitiba. Os Conselhos Comunitários de Segurança (Conseg) da Água Verde e do Centro / XV de Novembro, apresentaram argumentos para que a população não vote a favor do desarmamento e, quem passava pelo posto montado no calçadão da Rua XV, acabava discutindo o referendo e as conseqüências do comércio de armas.
Segundo presidente do Conseg Água Verde, José Gil de Almeida, a iniciativa visava informar a população sobre as vantagens de dizer não ao desarmamento. "Desarmado o povo já está. Agora querem proibir o cidadão de ter arma em casa. Tem é que desarmar o bandido", opina. Ele explica que a maioria das pessoas se posiciona a favor da retirada das armas do comércio pensando que a violência vai diminuir. "Sabendo que a população não tem armas em casa, os bandidos vão fazer a festa. O governo divulga pesquisas que devem ser manipuladas, pois fizemos levantamentos nos nossos bairros e mais de 80% é contra o desarmamento", argumenta Almeida.
O presidente do Conseg Centro / XV de Novembro, Moutih Ibrahim, diz que as informações servem como um alerta sobre as conseqüências da proibição das armas. "Se for proibido, nunca mais o cidadão de bem vai conseguir se defender. Temos que levar a violência a sério", avalia.
Depois de ler as informações disponibilizadas pelos Conselhos, o vigilante Ateu José Lazzarin e o aposentado Albari Vitório Macedo iniciaram uma discussão sobre o desarmamento. Ateu é contra. Albari é a favor da retirada das armas. "Está errado da maneira que querem fazer. Querem desarmar todo mundo. Seria necessário passar por um rígido controle", afirma Ateu. O aposentado Albari vai votar contra o comércio das armas no referendo, mas faz uma ressalva. "Em locais distantes na área rural, a pessoa deve ter uma arma. Como vai fazer para se proteger se a polícia não tem como chegar lá? Na cidade, dá para ficar sem", conclui. O referendo será realizado no dia 23 de outubro.