Persistência na greve!

Educadores mantêm vigília à espera de reunião com Fruet

O quarto dia de greve dos educadores dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) foi marcado por uma longa espera pela presença do prefeito Gustavo Fruet em uma reunião frustrada entre a Comissão de Negociação do Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc) e a prefeitura de Curitiba. Depois de aguardarem por quatro horas a presença de Fruet, os servidores decidiram manter a greve e a vigília iniciada na última quinta-feira, em frente à prefeitura.

Segundo a administração municipal, no quarto dia de greve, apenas sete dos 197 CMEIs ficaram fechados, mas 140 foram atingidos pela greve. A educadora do CMEI Lala Schneider e mãe de um garoto de cinco anos, Cleonice Ferreira Vieira, contou que mesmo as mães com outra profissão estão apoiando a greve. “O Lala não parou de funcionar, mas as mães das crianças que eu atendo decidiram não leva-las durante os dias que estamos em greve para manifestar apoio ao movimento”, relata. “Eu sei o transtorno que é não ter onde deixar os filhos, porque também estou tendo que trazer o meu para a mobilização, mas vivemos uma situação limite, mesmo trabalhando com amor”.

A jornada de 40 horas semanais e a falta de isonomia com os professores da rede municipal são os pontos que mais contribuem para a sensação de descaso que os profissionais em greve reclamam. “Enquanto o professor tem jornada de quatro horas, nós temos o dobro e acumulando a função de educador e cuidador. A maioria dos profissionais da educação infantil já têm graduação e pós-graduação, mas ainda não são tratados com a devida valorização”, analisa a educadora Michele Cristina da Silva, do CMEI Quielse Crisóstomo da Silva.

Michele conta que já possui duas licenças vencidas (dadas ao educador a cada cinco anos), mas não usufrui para evitar que colegas fiquem sobrecarregadas. “O trabalho com a educação infantil é muito gratificante, mas a jornada que temos tem levado vários educadores a desenvolverem problemas físicos e psicológicos”.

Outra educadora, Debora Aparecida Alves Vieira, comenta que está dividida entre o fascínio pela educação infantil e a busca por um pouco mais de reconhecimento. “Quero muito que a prefeitura reconheça o nosso valor, porque acredito muito no que faço. Do contrário, acabarei assumindo a vaga para professor em São José dos Pinhais para qual fui aprovada”.

Hoje, às 15h, os educadores realizarão nova assembleia para decidir os rumos da greve. Também não foi descartado pelo sindicato novos atos para sensibilizar à sociedade sobre a situação dos educadores.

Resposta

A prefeitura de Curitiba divulgou ontem uma “Carta aos educadores e ao sindicato”. “A proposta (da prefeitura) sempre foi o plano de cargos e salários, a hora-atividade e aposentadoria, e não a redução da carga horária. Apesar disso, a prefeitura em nenhum momento se recusou a discutir o assunto. Porém precisa deixar claro que o impacto financeiro e pedagógico de uma medida como essa é desproporcional, principalmente neste ano. Está em risco o atendimento em horário integral nos CMEIs”, diz o texto.

Voltar ao topo