Do Amazonas para as universidades paranaenses

Envergonhado, mas ao mesmo tempo com um enorme sorriso no rosto, o carteiro Luiz Antônio da Silva Souza, 30 anos, contou a sua história.

Saiu da cidade de Canutama, no Amazonas, e escolheu Curitiba para viver. Aqui, além de percorrer o bairro Bigorrilho entregando cartas e encomendas, Luiz tem um objetivo: passar no vestibular para Direito.

Ontem, antes da assembléia dos trabalhadores dos Correios para continuação da greve da categoria, Luiz sentou em um restaurante próximo do local de concentração. Tirou seus livros e estudou, para aproveitar o tempo e ficar mais perto de seu sonho.

Luiz já trabalhava como carteiro em Manaus quando decidiu buscar um clima melhor e um estudo mais qualificado. Ele não tinha parentes ou conhecidos em Curitiba e não se importou com os 4.036 quilômetros de distância. Está na capital paranaense há um ano.

Encantado pela oratória, acabou ficando deslumbrado pelo Direito. Está no cursinho preparatório para o vestibular desde o início deste ano. Vai tentar os concursos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da Universidade de São Paulo (USP). ?Fazer um ano de cursinho e não tentar várias seria uma falta de sabedoria?, comenta.

São oito horas de trabalho de segunda a sexta-feira. Mais o cursinho à noite. No final de semana, não tem moleza. Sábado tem aula o dia inteiro. Domingo também é dia de estudar, mas em casa. ?É puxado, mas vai valer a pena. O mais difícil é a Física. E as matérias que eu mais gosto são Português e História?, revela.

A história de Luiz foi contada porque um colega de trabalho anunciou, no caminhão de som na concentração para a assembléia dos trabalhadores dos Correios, que o carteiro estava estudando enquanto a reunião não começava. Todos bateram palmas. Luiz ficou vermelho de vergonha. Mas não tinha por quê. Afinal, estudar e ir atrás de um sonho não é errado.

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