Preocupação

Dengue será fortemente combatida no Estado

Os municípios do interior do Paraná estão se preparando para combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. As larvas do inseto se desenvolvem em locais onde haja concentração de água e muito calor.

Por isso, o verão é um período crítico. Desde novembro de 2010 as prefeituras estão realizando trabalhos de conscientização junto aos habitantes, visitas em domicílios e limpeza de terrenos.

No Paraná, no ano passado, foram 33.056 casos de dengue, com 15 mortes. E há risco de uma epidemia em 2011. A cidade de Marialva, na região noroeste do Estado, deu início ontem ao Levantamento de Índice Rápido de Infestação (Lira).

Por isso ainda não havia dados sobre a ameaça da dengue neste momento. Mas as atividades de combate e prevenção começaram há quase dois meses, com uma semana de conscientização com os alunos das escolas municipais e uma operação no bairro mais crítico de Marialva.

O coordenador da equipe de controle de endemias da Secretaria de Saúde da cidade, Antonio Clarete Dacanal, promete que o trabalho contra a dengue será permanente. Marialva teve, em 2010, 219 casos da doença.

“Houve no ano passado um aumento considerável e é um dado preocupante. A meta para 2011 é ficar bem abaixo disso”, comenta. Mas ele ressalta que, para que os resultados apareçam, a população deve contribuir no combate ao mosquito. “Não temos como passar em todas as residências depois de uma chuva. Nosso trabalho, para surtir efeito, depende da ajuda da população”, alerta.

Mutirão

Em Londrina, a Secretaria Municipal de Saúde realizou um mutirão na semana passada. Equipes visitaram 9.223 imóveis em sete bairros e houve a coleta de 121 toneladas de lixo.

Toda a atividade se concentrou na região leste do município, onde há a maior incidência do mosquito transmissor. Um dos motivos para o mutirão foi a epidemia que já assola algumas cidades paranaenses.

Auxílio

Em Paranavaí, na região noroeste do Estado, o combate à dengue ganhou o reforço dos 108 agentes do Programa Saúde da Família no município. Eles vão ajudar a identificar imóveis e terrenos que podem ter focos do Aedes aegypti.

A prefeitura lembra que o combate à dengue é uma responsabilidade do poder público, mas ressalta a importância da participação da população neste processo. Paranavaí precisou do auxílio do Ministério Público para atuar em algumas residências cujos moradores insistiam em manter entulhos em seus terrenos.

Secretaria estadual terá 30 dias para capacitar profissionais

Mara Andrich

O novo secretário de Estado da Saúde do Paraná, Michele Caputo Neto, tomou posse ontem pela manhã, em Curitiba. O secretário falou sobre suas expectativas, mas considerou o combate à dengue uma das ações emergenciais da pasta.

“No ano passado tivemos números recordes da doença, e neste ano a quantidade de casos e óbitos pode ser ainda maior. Então temos ações para 30, 60 e 90 dias”, afirmou Caputo Neto.

Em 30 dias o secretário promete capacitar os profissionais que atendem nas unidades básicas de saúde, que dão a retaguarda hospitalar. “Falamos muito em atendimento hospitalar, mas se tivermos uma boa atenção básica evitaremos muitos problemas nos hospitais”, observa o secretário.

Outras ações referentes à dengue serão a compra de 400 equipamentos que combaterão os criadouros, além de ações educativas para informar a população e uma resolução estadual que obrigará os estabelecimentos comerciais a desenvolverem técnicas de prevenção,. “E vamos cobrar dos municípios planos de contingência. Só 30% deles têm hoje”, disse.

Sobre os hospitais, Caputo Neto afirmou que muitos foram inaugurados no governo anterior, porém, nem todos funcionam adequadamente. “Eles estão longe de funcionar como deveriam. Têm problemas de pessoal e equipamentos. Um exemplo é o Hospital da Associação Paranaense de Reabilitação, onde nenhum leito funciona e a enfermaria será fechada. Hospitais foram construídos mas não se pensou no gerenciamento deles”, reclamou.

Ele disse, ainda, que os hospitais universitários também terão prioridade em sua administração. “Muitos deles tiveram os recursos fragmentados em programas ou estruturas pouco impactantes”, afirmou.

Caputo Neto lembrou também que a atenção aos usuários de drogas, aos idosos e às mães será garantida. Ele comentou que hoje não há leitos suficientes para o tratamento de usuários de drogas, principalmente de crack.

“Vamos verificar a estrutura de alguns hospitais, como do Adauto Botelho, do São Roque, e ver o que podemos fazer. Nossa ideia é que todas as cidades possam tratar seus pacientes, e que as pessoas não se desloquem por longas distâncias para fazer isso”, disse.

Em relação aos recursos, Caputo admitiu que eles são escassos, mas afirmou que há solução. “A situação financeira é grave, mas há recursos federais que não foram utilizados na administração anterior”, comentou.

Michele Caputo Neto é farmacêutico e atua com saúde pública desde 1985. Já foi secretário de Saúde de Curitiba, diretor do Centro de Medicamentos da Secretaria Estadual de Saúde, já integrou a Vigilância Sanitária do Estado e trabalhou na Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

UFPR pesquisa produtos

Joyce Carvalho

Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão estudando novos produtos para o combate à dengue, tanto nas fases adulta e de larva do mosquito transmissor da doença.

O trabalho começou em agosto de 2010 e está sendo desenvolvido pelos departamentos de Química e Zoologia da instituição. O professor Mario Navarro, do departamento de Zoologia, explica que o setor de Química pesquisa os novos produtos e depois acontece o teste da eficiência dos mesmos. A maior parte do que já foi desenvolvido tem origem em plantas.

“Já foi verificado que várias populações de Aedes aegypti apresentaram resistência aos produtos utilizados hoje”, esclarece Navarro, que trabalha em conjunto com o docente Francisco de Assis Marques, do departamento de Química.

Navarro lembra que os produtos não podem ser considerados a solução do problema da dengue. Para ele, a educação e a prevenção devem vir em primeiro lugar. A pesquisa na UFPR será encerrada em agosto, quando a equipe deve apresentar quatro alternativas técnica e economicamente viáveis.