Crianças fora da escola para economizar pedágio

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Moradores agora pedem a isenção
da tarifa na Justiça.

Moradores e produtores rurais que têm suas casas e atividades perto da BR-277 em São José dos Pinhais, depois da praça de pedágio da concessionária Ecovia, entre os quilômetros 49 e 60, estão tomando algumas atitudes drásticas com a intenção de evitar a cobrança. Para quase tudo, eles precisam ir até Curitiba ou ao centro de São José dos Pinhais. Só que muitas pessoas não possuem condições de pagar a tarifa de R$ 8,50 várias vezes por dia. Para economizar o dinheiro do pedágio, alguns pais estão tirando seus filhos da escola.

Paulino de Ramos, que faz serviços gerais, precisou tirar os dois filhos da escola porque não podia mais arcar com as despesas. Eles estudavam perto do posto da Polícia Rodoviária Federal na BR-277, antes da praça de pedágio. As crianças estão fora da escola desde maio, situação que deve permanecer por muito tempo se não houver nenhum benefício para esse grupo de moradores. "Levei os meus filhos algumas vezes, mas depois não agüentei mais. Hoje eles estão sem estudo", afirma Paulino.

Ele se mudou com a família para a região há sete meses. Fez isso porque contava com um acordo proposto pelos moradores à Ecovia, para isentar a cobrança das pessoas que moram perto da praça de pedágio, o que acabou não dando certo. "Achei que iria acontecer realmente isso. Mas depois não saiu e eu não pude arcar com as despesas", lamenta.

Os moradores estão tomando atitudes também quanto à saúde de suas famílias. Não existe qualquer posto ou hospital perto do local onde fixaram residência. A produtora rural Marinês Borba Gonçalves tem um filho de 21 anos com uma rara doença que causa a destruição e a perda das cartilagens. Ele já está com as orelhas, o nariz e a traquéia comprometidos. Marinês passou sufoco várias vezes com o filho, que pode parar de respirar devido à doença. Além das emergências, há consultas semanais do filho em um hospital de Curitiba. "Tudo o que eu tinha foi para tratar o meu filho. Não posso mais pagar R$ 400 de pedágio. Não tenho qualquer condição", afirma.

A solução para ela foi alugar um casebre longe de sua casa para o filho morar sozinho. "Tirei meu filho de perto de mim. Hoje (ontem) tive que alugar uma casa na cidade porque compensa pagar R$ 120 de aluguel. E ainda tive que deixar ele sozinho com a doença. Sei que lá alguém vai ajudar a socorrer", avalia Marinês, que constantemente visita o filho e o acompanha nas consultas.

Devido a essas situações e ao orçamento estourado com o pedágio, os moradores e produtores da região estão entrando com uma ação coletiva contra a concessionária Ecovia, responsável pelo trecho entre Curitiba e Paranaguá. Eles alegam que a empresa não quis fazer acordo para isentá-los da cobrança de pedágio por estarem tão perto da praça da empresa. Contando ida e volta, eles gastam pelo menos R$ 17, cada um, por dia.

Conclusão

A assessoria de imprensa da Ecovia informou que há dois meses os moradores foram até a sede da empresa para solicitar a isenção do pedágio. A concessionária fez um levantamento e concluiu que a maioria dos pedidos estavam relacionados com chácaras de veraneio e lazer. Cada pedido solicitava a isenção para até quatro carros. A Ecovia, que indeferiu as solicitações, argumenta também que no contrato da concessão está prevista a isenção somente para veículos de emergência e oficiais.

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