Cidade do interior fica sem combustível

Os motoristas de Mamborê, região centro-oeste do Paraná, viveram um dia atípico esta semana. A cidade ficou sem gasolina depois que o único posto de cidade foi fechado por ordem da Justiça. As bombas e o tanque de combustível foram retirados e a cobertura, destruída. Para evitar que a cidade parasse, o prefeito Henrique Sanches Salla resolveu interferir com a compra de novos equipamentos e de combustível para a reabertura de outro posto na cidade.  

Havia três postos de combustível na cidade, sendo dois de propriedade do empresário Livino Gobbi. No ano passado, dois deles fecharam e só um dos de Livino permaneceu funcionando. O outro que pertencia a ele era arrendado e faliu.

No entanto, esta semana, o último posto foi fechado, pegando a cidade toda de surpresa. Livino explica que ele mantinha a bandeira da Texaco, mas a empresa mudou sua cidade sede e o combustível chegava mais caro à Mamborê. Ele resolveu descaracterizar o posto para poder comprar gasolina e óleo diesel de concorrentes com preço mais acessível. No entanto, como os equipamentos pertenciam à distribuidora Texaco, a empresa solicitou a retirada das bombas e tanques, medida julgada procedente pela Justiça.

Na última terça-feira, o mandado foi cumprido. Os tanques e as bombas foram retiradas, o telhado e o piso, destruídos. O serviço foi normalizado na quarta-feira depois de uma reunião do prefeito com Livino. A Prefeitura se comprometeu a comprar combustível para que o empresário possa operar com o outro posto que estava fechado. O dinheiro deve ser devolvido aos cofres públicos depois de 30 dias. Segundo a Procuradoria do município, a medida é legal. Mas, por enquanto, Livino está trabalhando com o que havia em seu estoque.

Além disso, a Prefeitura está pesquisando a compra de novos equipamentos para que o posto fechado pela Justiça possa ser reaberto. A agricultura movimenta a economia local e a unidade fica num local estratégico, de fácil acesso para caminhões e colheitadeiras. O que abriu as portas temporariamente fica no centro da cidade.

A terça-feira foi apenas um retrato do caos que poderia se instalar na cidade. Os moradores que estavam com o tanque vazio tiveram que pedir ajuda de vizinhos. Uma ambulância do serviço de saúde municipal foi abastecer, mas chegou no local e o encontrou destruído. O paciente teve que ser transportado por outra ambulância que ainda tinha combustível.

O caminhoneiro Pedro Batista, 46 anos, já fazia planos de abastecer no distrito de Piquirivaí, mas para isso teria que gastar com o pedágio. ?É um dos lugares mais perto, caso Mamborê volte a ficar sem combustível. É problema sério, porque estamos no início da safra e sem combustível não tem jeito?, completa. 

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