Ciclista disputa espaço com pedestre na Rua XV

Com os altos preços da gasolina e da passagem de ônibus, muita gente tem optado em utilizar a bicicleta para se locomover na capital. O meio é considerado econômico e não poluente, mas vem gerando transtornos na Rua XV de Novembro, no centro de Curitiba. No local, pedestres e ciclistas brigam por espaço, aumentando os riscos de atropelamentos e outros acidentes.

Apesar de as placas informarem que os ciclistas não podem passar pedalando pelo calçadão, bicicletas de passeio e de carga transitam em grande quantidade pela XV. A maioria dos ciclistas passa em alta velocidade, gritando para que os pedestres saiam da frente ou fazendo ziguezague na tentativa de desviá-los.

“Os ciclistas passam voando, parecendo uns loucos. Qualquer dia desses, vão acabar machucando feio, uma criança ou um idoso, que esteja passeando pelo calçadão”, comenta o artista plástico Abdia Rodrigues da Silva, que trabalha há vinte anos na XV. “Eu mesmo já fui quase atropelado diversas vezes.”

A entregadora de panfletos publicitários Fernanda Aparecida de Lima, que exerce a atividade há três semanas no calçadão, também reclama. Segundo ela, algumas vezes os ciclistas passam em grupos de três ou quatro, assustando os pedestres. “Como passo várias horas seguidas no calçadão, tenho que estar o tempo todo atenta para não ser atropelada. As bicicletas atrapalham bastante”, afirma.

Abdia e Fernanda sempre escaparam de ser atropelados pelas bicicletas. Porém, o aposentado Jonas Barbosa Neto, que diariamente transita pelo calçadão, não teve a mesma sorte. Há alguns anos, ele caminhava pela Praça Osório em direção à XV quando foi atropelado por um ciclista que passava em alta velocidade. “O rapaz estava correndo e quase atropelou uma mulher. Ele desviou dela e acabou batendo em mim. Como conseqüência, tenho problemas no joelho até hoje”, revela.

Na opinião de Jonas, as placas que informam que o trânsito de bicicletas é proibido não são suficientes para conter a ousadia dos ciclistas. “Eles não respeitam as placas. Acho que deveria haver policiais constantemente presentes na XV que pudessem apreender as bicicletas e dar um bom puxão de orelha nos ciclistas. Assim, eles iriam pensar duas vezes antes de passar pedalando feito uns loucos.”

Ciclistas

A maioria dos ciclistas que pedala pela XV nega que transita em alta velocidade, ameaçando a segurança dos pedestres. Geralmente, eles assumem que sabem que o tráfego de bicicletas é proibido no local, mas continuam cometendo a irregularidade sob a alegação de que faltam locais próprios à circulação de bicicletas no centro da cidade.

“Eu sei que é proibido, mas tenho que fazer entregas em estabelecimentos espalhados pela XV e não posso ficar o tempo todo arrastando a bicicleta, que geralmente está cheia de mercadorias e é bastante pesada”, alega o entregador de pães Samuel Gonçalves de Oliveira, que todas as manhãs passa de bicicleta pela XV. “Faltam ciclovias no centro da cidade.”

O entregador de salgados Ezequias da Silva, que todos os dias pedala no calçadão, diz o mesmo. “Percorro toda a XV e não há como desviar do calçadão. Na rua não dá para andar de bicicleta, pois os motoristas não nos respeitam. Não há local apropriado para a circulação de ciclistas”, explica.

Diretran

A Diretran, responsável pela colocação das placas que informam que é proibido pedalar pela XV, diz que é muito difícil multar os ciclistas. Os agentes de trânsito não podem obrigá-los a se identificar. Por isso, deu-se preferência à realização de trabalhos de conscientização. Ao perceberem pessoas andando de bicicleta, os agentes são orientados a pará-las e conscientizá-las sobre os perigos que elas representam aos pedestres que circulam pelo local.

Voltar ao topo