Caximba foi tema do Grito dos Excluídos

No mesmo momento em que acontecia o desfile de Sete de Setembro, na Avenida Cândido de Abreu, em Curitiba, cerca de 500 pessoas participavam de um protesto contra a continuação do funcionamento do Aterro da Caximba, que recebe lixo da capital e de outras 18 cidades.

A manifestação fez parte da 15.ª edição do Grito dos Excluídos, que acontece tradicionalmente no mesmo dia em que se comemora a Independência do Brasil. Os manifestantes se reuniram na paróquia Nossa Senhora do Rocio e caminharam rumo à comunidade São João Batista, ambas na Caximba, em Curitiba.

De acordo com o padre da paróquia Nossa Senhora o Rocio, José Antônio da Cunha, o Grito dos Excluídos vestiu a camisa da luta dos moradores contra o aterro.

“Há 20 anos o aterro traz transtornos aos moradores da Caximba. Estamos ganhando mais vozes com o grito, ou seja, pessoas a favor da vida e da dignidade. Além disso, estamos lutando para implantação de um novo sistema de tratamento do lixo e ainda contra o consórcio municipal do lixo, que pretende implantar o mesmo projeto de aterro sanitário do outro lado da rua onde atualmente o aterro está localizado. Isso é inadmissível”, afirmou.

Para o representante das pastorais sociais, dom Ladislau Biernaski, o Grito dos Excluídos deste ano representa a voz daqueles brasileiros que ainda não são tratados como cidadãos de fato.

“A força está na sua organização. É isso que o Grito dos Excluídos faz, ou seja, uma voz apenas não basta para mostrarmos quão degradante é a situação dessas pessoas que vivem próximas ao aterro”, avalia.

Esse é o caso de Lili Rakssa, que mora próxima ao aterro. “É uma situação desumana. Em dias de calor, por exemplo, o cheiro é insuportável. Não consigo aguentar”, desabafou.

No protesto, cerca de 30 entidades divididas entre membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), paróquias, militantes e grupos estudantis estiveram presentes.

Dentre eles, estava a Aliança para o Desenvolvimento Comunitário do Caximba (Adecom). “O Grito dos Excluídos nos dá a chance de alertar os nossos gestores sobre o caos que está se tornando o aterro da Caximba. Precisamos de uma solução urgente para tal situação”, disse o presidente da Adecom, Jadir Silva de Lima.

De acordo com o deputado federal Dr. Rosinha (PT), que também estava no protesto, a questão do lixo no aterro deve ser tratada de outra forma. “Temos que questionar a quantidade de lixo que toda a sociedade produz diariamente. Se antes de chegar ao aterro as pessoas separarem corretamente, teríamos uma situação diferente da que enfrentamos hoje. Existem campanhas para reciclagem do lixo, mas não há empenho bastante das autoridades para cuidar de tal problema”, acusou o parlamentar.

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