Caos nos aeroportos chega ao Afonso Pena

A exemplo do que acontece desde a semana passada nos aeroportos mais movimentados do país, ontem foi dia de caos no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, devido aos atrasos nos vôos. Na véspera do feriado de finados, até as 20h, a Infraero já havia registrado 103 vôos atrasados, entre pousos e decolagens, e seis cancelados. Para os próximos dias, a previsão é mais pessimista. O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Proteção ao Vôo, Jorge Carlos Botelho, afirmou ontem que é praticamente impossível evitar novos atrasos. O aeroporto tem uma média diária de 150 operações, envolvendo 9,7 mil passageiros.

A média de atrasos em São José dos Pinhais foi de cerca de uma hora e meia. Mas muitos passageiros pareciam estar preparados para isso. ?Meu vôo vai ter duas horas de atraso, mas nem marquei nada, já prevendo que isso poderia ocorrer?, diz João Neto, que viajou para Porto Alegre.

Mais apreensivos estavam os passageiros que tinham conexão em outros aeroportos, como o presidente da Igreja Assembléia de Deus em Paranaguá, José Alves. O horário previsto era para as 13h, mas só conseguiu embarcar por volta das 15h, com expectativa de garantir o assento no avião da Alitalia para Milão às 16h, em São Paulo. ?O compromisso é inadiável?, dizia ele, enquanto enfrentava a longa fila até o balcão de despacho da companhia aérea.

Soluções

Segundo o superintendente da Infraero no Afonso Pena, Antônio Filipe Barcellos, o problema em Curitiba não é exclusivamente causado pela operação padrão dos controladores de vôo. ?Tivemos uma sucessão infeliz de acontecimentos, como aquele problema de saúde de um dos controladores na semana passada. E ainda sofremos com o mau tempo e com a neblina?, enumera. Mas ele tem a expectativa de que as medidas anunciadas ontem pelo ministro da Defesa Waldir Pires resolvam a situação em pouco tempo. ?Mas quem for viajar no feriado vai ter que ter paciência?, avisa.

O ministro da Defesa disse que o governo estima que possa reduzir entre 20% e 30% a carga de trabalho de controladores de vôos com as medidas anunciadas nos últimos dias para minimizar os problemas de atraso nos vôos. Entre as medidas estão a restrição de pousos e decolagens de aviões de pequeno porte entre 7h30 e 12h30 e entre 17h e 20h, o remanejamento de operadores de tráfego aéreo de outros estados para Brasília e a convocação de controladores de vôos aposentados que possam retornar à ativa.

Outro gargalo que causa atrasos em Curitiba, segundo Barcellos, é o Aeroporto de Congonhas, na capital paulista. Mas a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou ontem, de forma temporária, o aeroporto a operar pousos e decolagens até a 1h30 da manhã. Segundo o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, a medida tem validade de 30 dias ?ou enquanto durar a situação emergencial? para reduzir os transtornos causados por atrasos nos vôos. Zuanazzi informou que Congonhas tem hoje cerca de 16% do movimento de tráfego aéreo do país.

Sindicato prevê melhora daqui a 10 dias

Brasília (AE) – O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Proteção ao Vôo, Jorge Carlos Botelho, previu ontem que somente no final da próxima semana deverão começar a se normalizar as decolagens de vôos e, conseqüentemente, terminar os tumultos nos aeroportos. ?Com a chegada à Brasília dos controladores remanejados de outros lugares, somente poderemos ter uma certa normalização nos aeroportos a partir do outro final de semana?, afirmou o sindicalista, após reunião de duas horas com o ministro da Defesa, Waldir Pires. ?A coisa vai ser gradativa?, completou.

Botelho, que foi acompanhado de representantes de outras cinco entidades de controladores de vôos do país, relatou que não foram apresentadas reivindicações ao ministro. ?Nós viemos aqui para discutir uma reestruturação geral do sistema de controle aéreo por que somente aumentar salários hoje, sem alterar a estrutura, não vai resolver nada definitivamente?, comentou.

Ele afirmou que ?o erro? foi a criação de muitos vôos sem a devida adaptação do sistema de controle de tráfego aéreo. Os sindicalistas criticaram a decisão de convocar controladores aposentados para voltar a trabalhar como forma de ampliar o quadro funcional. ?Esta medida é duvidosa porque essas pessoas terão que fazer um exame médico muito rígido e depois terão que ter sua capacidade técnica muito bem avaliada?, afirmou Botelho.

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