Bush, Saddan, Osama, os judas de 2003

A chuva de ontem em Curitiba não impediu que em diversos pontos da cidade crianças e adultos saíssem de suas casas para malhar o Judas. A tradição é antiga e, a cada Sábado de Aleluia, personalidades públicas diferentes assumem o papel do traidor de Jesus na imaginação das pessoas que confeccionam os bonecos a serem malhados.

Este ano, em quase todos os locais, o presidente norte-americano George W. Bush, Saddam Hussein e Osama Bin Laden assumiram o papel de Judas. Ao contrário do que foi verificado no ano passado, não foram encontrados bonecos fantasiados de presidente do Brasil. “O pessoal ainda não tem motivos para considerar o Lula um traidor da nação. Porém, se ele fizer coisas erradas, com certeza será malhado no próximo ano”, explicou o marceneiro Kléber Pompeu Matias, que junto com o cunhado Ronaldo Laneti, organizou a malhação de Judas no Abranches.

Para fazer os bonecos, recheados com palha, serragem e espuma, os dois foram às casas de vizinhos para pedir roupas e sapatos velhos. “Muita gente colaborou. A malhação do Judas é uma tradição mantida há mais de 50 anos no Abranches. As crianças sempre ficam bastante ansiosas para participar da brincadeira”, contou Kléber. Junto dos bonecos, foram colocados cartazes com reportagens sobre a guerra no Iraque.

Uberaba

Na Rua Guilherme Marconsin, no Uberaba, foram confeccionados dez bonecos que, em menos de dez minutos, foram totalmente destruídos pela criançada à pauladas e pontapés. “Alguns bonecos são queimados e outros jogados no lixo depois de destruídos. Muitas das roupas utilizadas na confecção são guardadas para serem utilizadas no próximo Sábado de Aleluia”, disse o estudante Fernando Piloni, um dos responsáveis pelos bonecos.

Fernando acredita que, mais do que uma maneira de divertir as crianças, a malhação do Judas seja uma forma de conscientizar os adultos sobre determinados temas e problemas mundiais. “Através da tradição, as pessoas podem refletir e expressar suas opiniões. Também é um jeito de extravasarem sua raiva e mostrarem seu repúdio a determinadas personalidades políticas”. (Cintia Végas)

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