Bingo faz vereador pedir intervenção federal no Paraná

O vereador curitibano Fábio Camargo (PFL) anunciou que irá pedir ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, uma intervenção federal no Paraná. Amanhã ele viajará a Brasília, onde se encontrará com o ministro e apresentará a fita com os incidentes ocorridos na última quinta-feira, quando policiais militares e civis fecharam duas casas de bingo na capital.

Segundo Camargo, o secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, fechou os bingos sem autorização judicial e mandou bater na população. ?A situação dele é irregular, já que é promotor público e não poderia ser secretário. Ao mandar bater nos funcionários do bingo ele nos coloca na seguinte situação: vamos reclamar para quem? Para o ministério público, do qual ele faz parte? Ou para o ouvidor do Estado, Luiz Carlos Delazari, que é pai dele?, disparou Camargo. O vereador afirmou que toda a confusão que aconteceu na última semana só servirá para acelerar a assinatura de uma Medida Provisória do presidente Lula liberando o jogo de bingo.

Contra a regulamentação

O prestígio de Delazari com Bastos, porém, parece estar em alta. Ontem, no Rio de Janeiro, o secretário paranaense expôs durante a 5.ª Reunião Ordinária do Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp), ao ministro da Justiça, ao secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, e aos secretários de Segurança dos outros estados, a posição do governo do Paraná com relação à possibilidade de regulamentação do bingo no Brasil. ?Esses estabelecimentos são utilizados para a lavagem de dinheiro, produto do tráfico de drogas, e para a sonegação fiscal?, explicou Delazari.

Ele destacou que tanto Bastos quanto Corrêa também manifestaram-se contra a legalização da atividade no Brasil e comprometeram-se a discutir o assunto, em caráter prioritário, hoje, com a comissão federal que estuda o combate à lavagem de dinheiro no País. ?Não há o que dizer com relação a isso. É uma incoerência o governo federal montar uma comissão para discutir a legalização do bingo ao mesmo tempo em que se discute a modificação dos procedimentos de investigação para a lavagem de dinheiro?, comentou.

Segundo Delazari, o ministro da Justiça e o secretário nacional também se comprometeram a liberar cerca de R$ 10 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública para a secretaria paranaense, provavelmente, até amanhã.

Mais 3 fechados

O Supremo Tribunal Federal (STF) cassou ontem as liminares que garantiam o funcionamento dos bingos Quintino, em Londrina, e Bali Videoloteria, que funciona em Curitiba mas pertence ao grupo londrinense. O Bingo Village Monte Carlo, da capital, também teve sua liminar cassada. Agora apenas o Village Batel está funcionando, em Curitiba, garantido por uma liminar.

O Sindicato das Empresas Administradoras de Bingo do Paraná (Sindibingo) irá entrar hoje com um pedido de cassação da liminar da Central de Inquéritos de Curitiba, que na sexta-feira autorizou o fechamento dos bingos.

Leprevost propõe um acordo

O vereador Ney Leprevost (PP) vai apresentar uma proposta para buscar o acordo entre o governo e empresários. A idéia do parlamentar é que as casas voltem a funcionar em Curitiba, desde que os empresários autorizem a imediata quebra de sigilos bancário e fiscal para uma auditoria do governo em parceria com o Ministério Público.

No documento a ser apresentado aos empresários e governo, Leprevost sugere, ainda, que para o ano que vem os donos de bingos se comprometam a patrocinar clínicas de recuperação aos viciados em jogos. As unidades devem ser instaladas nas cidades pólo do Paraná. Além disso, a fiscalização permanente do Serviço de Loterias do Paraná (Serlopar) sobre as casas e a destinação de 10% da arrecadação bruta para obras sociais do Provopar.

Leprevost, ao comentar sua proposta, diz que ?pretende garantir o emprego dos funcionários de bingos. Precisamos buscar um acordo para não prejudicar os mais de 1.500 empregados das casas instaladas em Curitiba. Devemos, ainda, depois de investigados e julgados, punir os empresários envolvidos em irregularidades?.

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